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Dados utilizados são polêmicos
da Reportagem Local
Os dados utilizados por Maria
Inês Barbosa para sua pesquisa
são polêmicos. A pesquisadora
realizou seu estudo com base em
declarações de óbitos registradas
pelos cartórios da cidade em quatro meses de 1995. Essas informações eram as únicas disponíveis à
época.
O problema é que a cor dos cadáveres é atribuída, na grande
maioria das vezes, pelo médico legista ou pela pessoa que vai ao cartório retirar o atestado de óbito.
"O ideal seria que a cor fosse
atribuída, em vida, pela própria
pessoa, ao dar entrada em um
hospital, por exemplo. Assim,
quando ela morresse, o dado disponível seria o mais confiável possível", afirmou Maria Inês.
Quando a cor é "hetero-atribuída", ou seja, é dada por outra pessoa, a informação sofre influência.
"O problema é que essa atribuição não segue nenhuma metodologia. As pessoas brancas tendem
a ver um pardo como preto, enquanto os pretos tendem a ver indivíduos mais claros como brancos", reconhece Maria Inês.
Pesquisadores ouvidos pela Folha, no entanto, não retiram a representatividade do estudo.
"A validade e a importância são
inegáveis. A representatividade
dos dados vai depender da pressão
que a sociedade exerça sobre os
órgãos que os coletaram", disse
Edith Piza. A historiadora Wânia
Sant'Anna, também negra, acha
importante que "haja pessoas negras pesquisando o universo dessa
população."
(RV)
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