São Paulo, domingo, 17 de maio de 1998

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Dados utilizados são polêmicos

da Reportagem Local

Os dados utilizados por Maria Inês Barbosa para sua pesquisa são polêmicos. A pesquisadora realizou seu estudo com base em declarações de óbitos registradas pelos cartórios da cidade em quatro meses de 1995. Essas informações eram as únicas disponíveis à época.
O problema é que a cor dos cadáveres é atribuída, na grande maioria das vezes, pelo médico legista ou pela pessoa que vai ao cartório retirar o atestado de óbito.
"O ideal seria que a cor fosse atribuída, em vida, pela própria pessoa, ao dar entrada em um hospital, por exemplo. Assim, quando ela morresse, o dado disponível seria o mais confiável possível", afirmou Maria Inês.
Quando a cor é "hetero-atribuída", ou seja, é dada por outra pessoa, a informação sofre influência.
"O problema é que essa atribuição não segue nenhuma metodologia. As pessoas brancas tendem a ver um pardo como preto, enquanto os pretos tendem a ver indivíduos mais claros como brancos", reconhece Maria Inês.
Pesquisadores ouvidos pela Folha, no entanto, não retiram a representatividade do estudo.
"A validade e a importância são inegáveis. A representatividade dos dados vai depender da pressão que a sociedade exerça sobre os órgãos que os coletaram", disse Edith Piza. A historiadora Wânia Sant'Anna, também negra, acha importante que "haja pessoas negras pesquisando o universo dessa população." (RV)



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