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Modelo divide especialistas
da Reportagem Local
Embora considerem o modelo
do Juquery falido, especialistas
ouvidos pela Folha divergem sobre o fechamento da instituição.
O pano de fundo para a discussão é o movimento antimanicomial, que defende a substituição
dos hospitais psiquiátricos.
Em tramitação no Congresso
Nacional desde 1989, projeto de lei
de autoria do deputado Paulo Delgado (PT-MG) propõe acabar com
o modelo de tratamento baseado
apenas na internação. A proposta
do deputado sintetiza em parte a
proposta antimanicomial.
O médico psiquiatra e diretor do
Instituto Franco Basaglia, do Rio,
Pedro Gabriel Delgado, diz, por
exemplo, que hospitais como o Juquery têm que ser substituídos por
modelos que não criem a dependência do paciente, levando-o a ficar, em alguns casos, mais de 30
anos numa instituição.
Por esse modelo, o doente não
ficaria internado. Receberia atendimento nos chamados hospitais-dia e em ambulatórios e passaria a receber recursos e moradias coletivas pagas pelo Estado.
"Modelos fechados como o do
Juquery só pioram a situação do
paciente", diz.
Em casos mais graves, como crises psicóticas, por exemplo, o
doente ficaria internado nos próprios hospitais públicos ou em enfermarias especializadas até que a
crise fosse debelada.
Opinião semelhante tem o psiquiatra Nacile Daúd Junior, diretor da ONG (Organização
Não-Governamental) Associação
SOS Saúde Mental.
Segundo ele, com recurso semelhante ao orçamento anual do Juquery -R$ 12 milhões- seria possível desenvolver esse novo modelo,
acabando com a internação dos
pacientes na instituição.
Na contramão do movimento
antimanicomial, o Instituto de
Psiquiatria da USP (Universidade
de São Paulo) defende a modernização dos hospitais e a ampliação
do número de leitos para doentes
mentais.
O chefe do departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina
da USP, Wagner Gattaz, por
exemplo, diz que "ao invés de fechar hospitais, é preciso dobrar o
número de leitos".
Ele diz que, no Brasil, existe 0,36
leito para cada mil habitantes. A
OMS (Organização Mundial de
Saúde) preconiza um leito para cada mil habitantes.
Na sua opinião, o fechamento de
hospitais psiquiátricos pode levar
à criminalização do doente.
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