São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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Família inteira vive catando lixo

ALESSANDRO SILVA
da Folha Ribeirão

Antes das 7h, os irmãos Hugo, 3, e Fabrício de Oliveira, 4, acordam e saem para trabalhar com os pais. O destino: qualquer lixão ou aterro sanitário clandestino de Ribeirão Preto (319 km de São Paulo).
O pai dos garotos, Ronildo Silva Rodrigues, 27, está desempregado desde que se mudou da Baixada Santista para a cidade, em 97.
""Trago as crianças junto porque não tenho com quem deixá-las. Comigo, eles ainda ganham o que comer das outras pessoas que encontram nas ruas", afirmou.
Das latas de lixo e aterros da cidade saem roupas, calçados, móveis e até alimentos.
Sempre às segundas, a família recolhe sobras de verduras e frutas em um supermercado da Vila Virgínia, onde está a favela que escolheram para morar.
""Tem sujeira, mas eles nunca pegaram doença aqui no lixo", afirmou o desempregado.
Rodrigues puxa um carrinho, enquanto os filhos e a mulher, Isabel Cristina de Oliveira, 23, vasculham tambores, cestas e matagais onde as sobras são jogadas.
Todo material recolhido é estocado ao lado do barraco e vendido segundo o peso. Por mês, a família recebe cerca de R$ 80.
Enquanto o pai dobra e amassa o lixo para acomodar no carrinho, os dois garotos improvisam tampinhas e latas como brinquedos.
Esta semana, acharam um ventilador de teto em um terreno baldio. ""Levo para casa, tento arrumar e vendo", disse o pai.


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