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DESPEJO IMINENTE
Projeto de voluntários corre risco por falta de autorização formal para ocupar o terreno
"Sopão" de sem-teto pode ser desalojado
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo quer
retomar um terreno municipal
em São Miguel Paulista (zona
leste) usado por um grupo de
voluntários para distribuição de
refeições a moradores de rua e
pessoas carentes. Segundo os
responsáveis pelo "sopão", cerca
de 40 pessoas são atendidas por
dia. A prefeitura não faz esse tipo
de atendimento naquele bairro.
A prefeitura diz que o grupo
não tem autorização formal para
utilizar a área e consome água e
luz pagas pelo município. De julho a dezembro do ano passado
teriam sido gastos R$ 343,38
com contas de luz. Além de café
da manhã e almoço, os moradores de rua tomam banho e guardam pertences no local.
A dona-de-casa Amélia da
Conceição Brescia, 56, responsável pelo projeto, obteve em julho
de 2001 uma autorização verbal
de José Manoel Pereira Ramos,
então diretor de saúde da região.
A área abrigava funcionários
da empresa Basic Engenharia,
que prestava serviços ao hospital
Tide Setúbal. Com autorização
de Ramos, outra empresa fez cozinha, banheiros e refeitório.
"O terreno estava abandonado
há mais de cinco anos", diz Brescia. "Eles não têm autorização
para ocupar o local", diz Sônia
Antonini Barbosa, gestora do
Distrito de Saúde de São Miguel.
Segundo o diretor da Procuradoria Geral do Município, Osvaldo Maugeri, que move a ação
administrativa, só o gabinete da
prefeita autoriza a cessão do terreno. "É como se a área tivesse
sido ocupada ilegalmente."
O prazo da prefeitura para desativação do projeto venceu ontem. Como Brescia se recusa a
obedecer, a prefeitura deve mover ação judicial de despejo.
Antônio Marchioni, 50, conhecido como padre Ticão e responsável por um projeto semelhante em Ermelino Matarazzo
(zona leste), programou uma
missa no local para a noite de
ontem. "Estou atordoado com a
administração do PT. São Miguel não tem alternativas e a prefeitura não está ajudando."
A Secretaria de Assistência Social disse que moradores de rua
do bairro são encaminhados a
um albergue da prefeitura em
Ermelino Matarazzo, onde 20
deles, da região do hospital, e 85
do bairro estão cadastrados.
A prefeitura não tem projetos
para a área, mas Barbosa disse
que, provavelmente, ela será utilizada para abrigar setores administrativos do hospital Tide Setúbal.
(DAGUITO ROGRIGUES)
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