|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NARCOTRÁFICO
Operação Diamante capturou 24 pessoas, mas não desarticulou rede que traz drogas da Colômbia para o Brasil
Prisão de quadrilha não prejudica Beira-Mar
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Investigações da PF (Polícia Federal) e da Polícia Civil do Rio indicam que as prisões do traficante
Leonardo Dias de Mendonça e de
23 integrantes de sua quadrilha
pela Operação Diamante não desarticularam os negócios que o
traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
mantém com guerrilheiros das
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Segundo o titular da Delepren
(Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal no
Rio), delegado Antônio Rayol, o
traficante Sandro Mendonça do
Nascimento, conhecido como
Jorge Tadeu ou Bill, está na Colômbia a mando de Beira-Mar negociando a troca de armas por cocaína com as Farc.
O delegado informou que, além
de Bill, outros dois brasileiros estão na Colômbia representando o
traficante fluminense nas negociações com as Farc.
De acordo com o delegado Paulo Guimarães, da DAS (Divisão
Anti-Sequestro) da Polícia Civil,
Bill é o responsável pelo esquema
chamado de Conexão Rocinha
(favela da zona sul do Rio).
Os traficantes da Rocinha recebem a droga que vem da Colômbia e a redistribuem para comunidades controladas pelo CV (Comando Vermelho), da qual Beira-Mar é o principal atacadista. Segundo a polícia, a Rocinha é a favela mais rentável do comércio de
drogas no Estado. O faturamento
é de cerca de R$ 10 milhões por
mês.
Propina
O deputado Pinheiro Landim
(PMDB-CE), investigado pela Polícia Federal por suposto envolvimento com a quadrilha de narcotraficantes liderada por Leonardo
Dias de Mendonça, teria cobrado
R$ 100 mil para auxiliar na concessão irregular de habeas corpus
para o traficante, segundo suspeita da PF veiculada ontem no "Jornal Nacional" da Rede Globo.
A PF tenta comprovar elos entre
decisões judiciais do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região
e do STJ (Superior Tribunal de
Justiça) e uma rede de influências
que seria protagonizada pelo deputado e pelo filho do desembargador federal Eustáquio da Silveira, Igor, em prol da quadrilha de
Mendonça.
O "Jornal Nacional" divulgou
ontem trechos de conversas que
seriam entre Silvio Rodrigues, suposto integrante da quadrilha,
preso na semana passada, e Mendonça, sobre o valor cobrado pelo
deputado federal reeleito.
"O cabeça branca está na linha
aqui, no celular, quer saber o dia",
diz Rodrigues. "Ele passou o que
que é?", pergunta Mendonça.
"Passou e disse que precisa de
"cem mil verdes", para você dar
um jeito de arrumar", teria finalizado Rodrigues a Mendonça.
Segundo o "Jornal Nacional",
"cabeça branca" é o apelido pelo
qual os traficantes tratariam Pinheiro Landim. Em outra gravação, Rodrigues cita nominalmente o congressista.
"Se não fosse o Pinheiro Landim me defender, tava feio pro
meu lado [sic"", teria dito Rodrigues, que concluiu: "Estou trabalhando para ele [Landim" agora".
Segundo a PF, o deputado atuaria orientando os traficantes e
exercendo pressão sobre os magistrados. Desde 2000, Mendonça
foi beneficiado com três habeas
corpus, dois do TRF da 1ª Região e
um do STJ. Os desembargadores
federais Eustáquio Silveira e Fernando Tourinho Neto e o ministro Vicente Leal de Araújo são citados nas gravações feitas sob autorização judicial.
Outro lado
Os membros do TRF divulgaram nota na semana passada afirmando que agiram em conformidade com o que prevê a lei, nos casos de prisão preventiva.
Em sua nota, Silveira não avalia
as suspeitas levantadas pela PF
sobre seu filho Igor.
O deputado Pinheiro Landim
tem sido procurado pela Folha
desde o dia 10, sem responder a
recados deixados em seu gabinete
e no telefone celular. Em entrevista ao "Jornal Nacional" na terça-feira passada, ele negou envolvimento com Mendonça.
Texto Anterior: Despejo iminente: "Sopão" de sem-teto pode ser desalojado Próximo Texto: Presidente do STJ anuncia apuração Índice
|