DA REPORTAGEM LOCAL

Uma delegacia móvel começou a funcionar ontem, no largo General Osório (centro de São Paulo). Montada em uma perua, com microcomputador e acesso aos bancos de dados da polícia, a unidade tem como objetivo trabalhar na prevenção ao uso de drogas e auxiliar na repressão ao tráfico na "cracolândia" (região de consumo de crack no centro da cidade).
Segundo o secretário de Estado da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, a unidade vai servir como ponto de referência para a comunidade, contribuindo para a revitalização da região. "Queremos que a população confie, que tenha acesso à polícia e comece a passar informações", disse.
A unidade será chefiada por um delegado e contará com outros 15 policiais, além de uma Blazer e três motos. Inicialmente deve funcionar em todos os dias da semana, das 11h às 20h.
Está em estudo, segundo o diretor do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), Ivaney Cayres de Souza, a possibilidade de a delegacia passar a funcionar até as 22h. À noite, a unidade deve ficar guardada em uma garagem da polícia.
Não há necessidade de a unidade funcionar durante a madrugada, afirmou o secretário, porque à noite o trabalho continuará a ser feito por policiais descaracterizados e pela patrulha ostensiva da PM. As equipes deverão trabalhar juntas. "Me cobre daqui a 30 dias. Nós vamos zerar essa questão da criminalidade por aqui", disse.
A unidade móvel, projeto do Denarc, foi inaugurada ontem, às 13h30, pelo secretário, pelo delegado geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, e pelo diretor do Denarc.
O cantor Rafael Ilha, ex-integrante do grupo Polegar, esteve na inauguração, cumprimentou policiais e ganhou cartilhas e outros materiais didáticos que serão distribuídos na unidade a dependentes químicos e a familiares de dependentes. Ilha, que declara ter sido usuário de drogas, diz que se recuperou e que tem ajudado outros usuários a lutar contra o vício.
A região atrai diversos usuários de entorpecentes. Por essa razão, segundo o Denarc, a equipe não terá só policiais, mas também profissionais especializados na prevenção ao uso de drogas. O atendimento ao público será feito por especialistas da Dipe (Divisão de Prevenção e Educação) do Denarc. Também haverá convênios para estágio de estudantes de psicologia.
De acordo com o diretor do Denarc, todos os comerciantes da área serão cadastrados. "Não será um trabalho de ocupação. Vamos nos apresentar e também conhecê-los. Queremos a confiança de todos que moram ou passam pela região."
Segundo ele, o projeto é "aberto" e pode sofrer modificações, dependendo do que acontecer. "Nada está definido. A idéia é fazer um piloto." O local para a experiência foi definido pelo Denarc com base no problema "crônico" da região e no projeto de revitalização do centro.


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