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Science criticou imprudência
de motoristas antes de morrer
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
Dois meses antes de morrer, o
cantor pernambucano Chico
Science levou a mãe, Rita Marques
de França, 64, ao sítio da família e,
no caminho, disse que o poder público não era o único responsável
pelas mortes no trânsito, mas também os motoristas.
Surpreendentemente, no dia 2 de
fevereiro de 97, uma combinação
de velocidade e imprudência provocou a morte de Science, líder do
movimento mangue beat e uma
das maiores revelações da música
pernambucana dos últimos anos.
Science morreu aos 30 anos. O
Fiat Uno que dirigia bateu em um
poste, na descida do viaduto que
marca a divisa entre Recife e Olinda. O músico sofreu traumatismo
craniano, fraturas na face e afundamento do tórax.
Quase um ano depois, os pais do
artista, Francisco Luiz França, 67,
e Rita, ainda se dizem surpresos
com o resultado do inquérito policial, que apontou o filho como o
responsável pelo acidente que o
matou.
Segundo os peritos do Instituto
de Criminalística, Science dirigia a
pelo menos 110 km/h, quando ultrapassou um veículo pela direita,
tentou retornar à pista central, foi
abalroado, perdeu o controle do
carro e bateu no poste.
O choque foi tão violento que a
fivela metálica do cinto de segurança do músico se rompeu. Science estava só no carro. Eram 19h30.
"Meu filho nunca foi agressivo
no trânsito", afirmou Rita. "Ele
sempre comentava o que via nas
ruas brasileiras e comparava à Europa que ele havia conhecido."
Rita e Francisco questionam ainda o laudo do IML (Instituto de
Medicina Legal), que constatou a
presença de psicotrópico no organismo do artista -mas não confirmou se ele estava ou não dirigindo sob efeitos da substância.
"Meu filho estava em uma fase
de cuidar da saúde", afirmou
Francisco. "Ele se foi porque era a
hora de ir", disse a mãe. A família,
católica, "se apega na fé para superar a dor", afirmou.
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