São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 1998.



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Science criticou imprudência de motoristas antes de morrer

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

Dois meses antes de morrer, o cantor pernambucano Chico Science levou a mãe, Rita Marques de França, 64, ao sítio da família e, no caminho, disse que o poder público não era o único responsável pelas mortes no trânsito, mas também os motoristas.
Surpreendentemente, no dia 2 de fevereiro de 97, uma combinação de velocidade e imprudência provocou a morte de Science, líder do movimento mangue beat e uma das maiores revelações da música pernambucana dos últimos anos.
Science morreu aos 30 anos. O Fiat Uno que dirigia bateu em um poste, na descida do viaduto que marca a divisa entre Recife e Olinda. O músico sofreu traumatismo craniano, fraturas na face e afundamento do tórax.
Quase um ano depois, os pais do artista, Francisco Luiz França, 67, e Rita, ainda se dizem surpresos com o resultado do inquérito policial, que apontou o filho como o responsável pelo acidente que o matou.
Segundo os peritos do Instituto de Criminalística, Science dirigia a pelo menos 110 km/h, quando ultrapassou um veículo pela direita, tentou retornar à pista central, foi abalroado, perdeu o controle do carro e bateu no poste.
O choque foi tão violento que a fivela metálica do cinto de segurança do músico se rompeu. Science estava só no carro. Eram 19h30.
"Meu filho nunca foi agressivo no trânsito", afirmou Rita. "Ele sempre comentava o que via nas ruas brasileiras e comparava à Europa que ele havia conhecido."
Rita e Francisco questionam ainda o laudo do IML (Instituto de Medicina Legal), que constatou a presença de psicotrópico no organismo do artista -mas não confirmou se ele estava ou não dirigindo sob efeitos da substância.
"Meu filho estava em uma fase de cuidar da saúde", afirmou Francisco. "Ele se foi porque era a hora de ir", disse a mãe. A família, católica, "se apega na fé para superar a dor", afirmou.



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