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PERIGO NAS RUAS 4
Belém é a capital brasileira com pior índice de mortes no trânsito, com 28,2 vítimas a cada 10 mil veículos
Para cada morto na estrada, há 6 na cidade
da Reportagem Local
O sucesso brasiliense na redução de acidentes
de trânsito é
exemplar porque, para cada
pessoa que morre vítima de acidente nas rodovias, morrem seis
nos centros urbanos.
Cidade cujo Plano Piloto tem
99% de pavimentação e foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer com amplas avenidas de até
seis faixas de rolamento, em alguns pontos do centro de Brasília
pode-se correr a até 160 km/h.
Apesar de ser um terreno favorável onde se poderia travar a guerra
urbana do trânsito entre pedestres
e motoristas, o Distrito Federal
não figura entre os núcleos urbanos com a pior relação entre acidentes fatais e frota de veículos.
As campeãs
Belém (PA) é a capital brasileira
com trânsito mais violento. Ali,
morreram em 96 28,2 pessoas para
cada grupo de 10 mil veículos, segundo pesquisa do Denatran. Em
Brasília morreram em média 9,4
pessoas por grupo de 10 mil veículos registrados.
Depois de Belém, é em Fortaleza,
capital do Ceará, que transitam os
motoristas relativamente mais
violentos do país. Em 96, ano do
último levantamento fechado pelo
Denatran, morreram 23 pessoas
para cada grupo de 10 mil veículos.
Em São Paulo, naquele mesmo
ano, morreram em média 4,5 pessoas por 10 mil veículos registrados. Vitória (ES) é a capital brasileira de trânsito mais ameno. Em
cada grupo de 10 mil veículos registrados no Estado em 96, morreram 3,1 pessoas.
Estresse feminino
A mortandade no trânsito urbano, seis vezes maior do que nas estradas, e o maior número relativo
de mortes em capitais menores
têm diversas explicações.
Uma delas é o número de carros
que transitam nas cidades todos os
dias -quase 30 vezes maior do
que o número de carros que circulam diariamente nas estradas.
Em cidades como São Paulo,
com 10 milhões de habitantes e 4,7
milhões de veículos registrados até
96, o trânsito anda a uma média de
40 km/h e, assim, reduz-se o risco
de acidente fatal em uma colisão.
Nas estradas, morre-se mais
dentro dos carros -vítimas que
não conseguem se safar dos acidentes nos quais seus automóveis
estavam envolvidos. Nas cidades,
a maior vítima é o pedestre.
A partir do segundo semestre
deste ano, o Denatran vai começar
a operar o Registro Nacional de
Vítimas de Trânsito, segundo José
Roberto Souza Dias, do Denatran.
Ele é um sistema de coleta de dados sobre acidentes automobilísticos e suas vítimas que vai rastrear
o tratamento e a sobrevida dos feridos após os acidentes, inclusive
nos hospitais.
Com isso, diz Souza Dias, espera-se confirmar ou desmentir a tese segundo a qual 60% das vítimas
que sobrevivem a acidentes de
trânsito carregam sequelas físicas
para o resto da vida.
"E mais: queremos saber se realmente os acidentes com mulheres
no volante aumentam na hora do
almoço, devido ao estresse urbano
e familiar ao qual a mulher é submetida porque precisa trabalhar
fora, pegar ou deixar filhos na escola e cuidar da casa", explica.
Duplicação da frota
Se for mantido o índice de crescimento da frota de veículos no Brasil, que em 1960 era de 508.608 veículos, saltou para 6.227.672 em 75
e triplicou 15 anos depois para
18.267.245 em 90, o país poderá estar com suas ruas e avenidas paradas em uma década. O Denatran
estima que em 2008 a frota brasileira de automóveis será de
22.084.891 veículos.
"Precisamos mudar a matriz do
transporte brasileiro. A carga deve
passar a ser transportada por hidrovias e em navios, nas cidades é
preciso adotar o transporte coletivo de massa e as estradas precisarão ser melhor aparelhadas para
receber os carros de passeios mais
seguros mas também bem mais
velozes do que os atuais. Se não repensarmos tudo isso agora, dentro
de dez anos viveremos num inferno", prevê o diretor do Denatran.
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