São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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RACISMO NA INTERNET

Comunidade virtual incitava usuários a ofenderem garoto de 13; família procurou ajuda de ONG

Mensagens contra negro em site serão investigadas

DA REPORTAGEM LOCAL

O site de relacionamentos Orkut, que reúne pessoas com afinidades, tornou-se uma ferramenta racista na internet.
Na última sexta-feira, uma família negra da zona norte de São Paulo foi agredida virtualmente com mensagens ofensivas e preconceituosas. Entre as vítimas, havia um menor de 13 anos.
O caso repercutiu e, três dias depois, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), do governo federal, solicitou investigação à Polícia Federal e abriu processo interno na ouvidoria.
A ouvidora Sandra Regina Teixeira afirmou que apresentará informe ao Conselho Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, que poderá designar uma comissão especial para acompanhar o caso.
O episódio ocorreu na última sexta, quando o estudante universitário D., 19, descobriu na página do Orkut de seu irmão C., 13, mensagens ofensivas. Ao tentar descobrir o remetente, denominado apenas Arthur White, encontrou uma comunidade intitulada "anti-heróis".
Na página, havia a seguinte recomendação: "se você já foi atacado por algum maldito que se julga herói está na hora de se vingar. E não tenha pudores ou dor na consciência. Descarregue toda a sua fúria nesse pobre pretinho inocente. Clique e vingue-se." Ao clicar, o internauta era remetido para a página de C.. A comunidade já foi retirada do ar, e a página de "Arthur White", modificada.
Após o ocorrido, D. apagou as mensagens, enviou alertas para comunidades de negros e contou a história para sua mãe. "Eu não sabia que atitude tomar. Sabia que era um crime e pensei em ir à polícia registrar um boletim de ocorrência, mas não tinha a quem acusar", disse ela.
No mesmo dia, mais mensagens racistas foram postadas na página pessoal dos irmãos e também no da mãe. "Eu fiquei assustado e chateado com o que aconteceu. [As mensagens] falavam de forma maldosa das minhas amigas brancas", disse C.
Eles procuraram a ONG ABC Sem Racismo, que encaminhou o caso à Seppir. "Além de solicitar uma investigação e providências, sugerimos uma campanha de alerta para o crime de racismo", disse o presidente da ONG, Dojival Vieira. (MS)


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