São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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No Rio, dados podem estar subestimados

DA SUCURSAL DO RIO

O número de homicídios dolosos registrados no Estado do Rio de Janeiro em 2004 pode estar subestimado em pelo menos mil casos, pois não inclui dados sobre encontro de cadáver.
De janeiro a outubro do ano passado, foram registrados 1.064 casos de encontro de cadáveres no Estado. Se somado ao total de assassinatos anunciado oficialmente no mesmo período (5.323), o número de homicídios dolosos subiria para 6.390.
O titular da 6ª Delegacia de Polícia (Cidade Nova, zona central), Ricardo Dias Teixeira, afirmou que a orientação da Secretaria de Segurança é registrar como homicídio todos os casos em que o cadáver encontrado, mesmo não estando identificado, apresente sinais de violência, como tiros, pauladas e marcas de espancamento ou, até mesmo, quando esteja queimado.
Teixeira, no entanto, afirmou que há casos em que, mesmo com o corpo apresentando sinais de violência, o delegado registra uma ocorrência como encontro de cadáver porque prefere esperar o resultado do laudo de exame cadavérico do IML (Instituto Médico Legal) para confirmar se houve mesmo assassinato.
Outro aspecto que pode ajudar a "maquiar" as estatísticas são os casos de desaparecimentos.
Um estudo feito pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes indica que o número de desaparecimentos passou de 2.768 em 1994 para 4.800 casos em 2003. Em contrapartida, os registros de homicídios apresentaram declínio significativo no mesmo período. Foram 8.408 casos em 1994 e 5.741 em 2003.
Segundo a polícia, os casos de desaparecimento podem ter ligação com uma prática comum de traficantes de drogas - após matar as vítimas, eles queimam os corpos até deixá-los em cinzas, o que praticamente impossibilita a descoberta.


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