São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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OUTRO LADO

Alckmin nega erro em anotações da Polícia Civil

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) negou que os casos mostrados ontem pela Folha, nos quais ocorrências com evidências de homicídio doloso (com intenção) acabaram registradas como morte a esclarecer ou encontro de cadáver, tivessem sido anotados incorretamente pela Polícia Civil.
"Se você tem um caso em que a pessoa morre e que foi homicídio, é homicídio. Se você encontra um cadáver, é morte a esclarecer. Esse é um conceito mundial", disse. Segundo ele, não há motivos para esconder estatísticas.
Para o governador, não há "nenhum problema" se um caso for registrado como morte a esclarecer e ocorrer uma alteração posterior, caso as investigações da polícia concluírem que se trata de um homicídio.
Segundo Alckmin, apesar de a pesquisa feita por amostragem pelo centro de controle de qualidade de boletins da Secretaria da Segurança Pública ter identificado problemas no preenchimento em 20% dos BOs -segundo o coordenador do CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), Túlio Kahn-, não há possibilidade de a credibilidade das estatísticas ser abalada.
"Esses casos, levantados em 2003 desses BOs em que pudessem ter dúvida, não passam de cem. Foram mais de 8.000 em 2003. É um número extremamente pequeno", disse.

Secretário-adjunto
Em relação à CPI que iria investigar as estatísticas, o secretário-adjunto da Segurança Pública, Marcelo Martins de Oliveira, criticou o deputado Vanderlei Siraque (PT), autor do pedido.
"Ele [Siraque] usa dois pesos e duas medidas. Para ele, quando os líderes não permitiram, foi por conta de uma ação política. Mas quando ele solicitou [a CPI], me vejo no direito de dizer, também foi por uma questão política", afirmou.
E acrescentou: "De 2002 para cá, a polícia acertou inúmeras vezes e a polícia errou inúmeras vezes. Você se lembra de alguma vez que o deputado Siraque tenha, de qualquer maneira, reconhecido o bom trabalho da polícia, tenha elogiado o trabalho da polícia?".
Sobre a resolução 463, que criou o conselho de acompanhamento de estatísticas, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que não houve boicote. Segundo a pasta, o conselho tem autonomia para se reunir, mas os membros teriam se desarticulado e não assumiram os postos.
Apesar de admitir que foi privilegiado o centro de controle de qualidade de boletins de ocorrência, da própria secretaria, a pasta diz que não se contrapõe ao funcionamento do conselho e promete responder as suas solicitações.


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