DA REPORTAGEM LOCAL

Uma boa notícia para os saudosistas: a cidade de São Paulo pode começar a voltar a ser a "terra da garoa" nos próximos dez anos.
É o que indicam estudos sobre os ciclos do oceano Atlântico, responsáveis por parcela considerável do aumento da temperatura média na capital nos últimos 40 anos, de acordo com a pesquisa "Meteorologia e Poluição Atmosférica em São Paulo", da USP.
O estudo conclui que o aquecimento da superfície do Atlântico representou um aumento médio de 1,3C na capital paulista, o que acabou diminuindo a frequência dos dias de garoa e nevoeiro e provocando também uma maior frequência de chuvas intensas.
"A primeira tendência é dizer que o aumento da temperatura média é resultado da urbanização. E, de fato, as ilhas de calor causam o aquecimento, e a poluição também contribui para a mudança no regime de chuvas. Mas não é só", sustenta Pedro Leite da Silva Dias, coordenador da pesquisa.
Segundo Dias, medições realizadas na região do parque do Estado (zona sul de SP), onde o processo de urbanização não é variável representativa, indicam um aumento da temperatura média -comparada com uma série histórica que remonta ao fim do século 19- que só tem explicação na influência do oceano.
"Há, entretanto, alguns indícios de um retorno a uma situação mais parecida com a registrada nas décadas de 50, 60", completa o professor. Além do "resfriamento", isso representaria uma redução de cerca de 10% no volume de chuvas anuais.
Hoje a cidade de São Paulo tem, segundo o IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), uma média de 1.500 milímetros de chuvas por ano (cada milímetro corresponde a um litro de água por metro quadrado de área).
Dias afirma que o aquecimento do Atlântico tem grande possibilidade de ser um fenômeno cíclico natural. "Uma das especulações é sobre o fato de isso ser ou não consequência do aquecimento global, mas tudo indica seus efeitos ainda são pequenos em relação ao aumento na temperatura do oceano", diz. (MV)



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