DA REPORTAGEM LOCAL

Embora a direção da Febem sustente que a troca de pessoal busque acabar com a estrutura viciada e violenta, os novos educadores e agentes de segurança receberam aulas práticas e acompanharam procedimentos internos somente com funcionários, demitidos ontem, durante cerca de 20 dias, antes de assumir seus postos, segundo a assessoria da fundação.
Os agentes foram recrutados entre ex-PMs, funcionários de empresas de segurança que prestam serviços à Febem e excedentes de concursos da Secretaria da Administração Penitenciária. Com isso, segundo a assessoria, os contratados chegaram com vivência em contenção de presos.
Depois, tiveram uma semana de aulas teóricas com vídeos sobre o funcionamento da segurança interna e externa da Febem e noções do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Nessa fase, cerca de 20 deles desistiram. Um educador ouvido pela Folha disse que recebeu apenas dois dias de treinamento e começou a trabalhar na unidade do Brás. Com essa formação, os novos agentes iniciaram o treinamento, como diz a assessoria, ao aprender o trabalho com os demitidos.
Já os educadores são, em sua maioria, de ONGs ligadas ao atendimento de infratores e professores. Como os agentes, não tiveram aulas específicas. ""Se o novo pessoal não tiver em mente um projeto pedagógico claro, vai ficar tentando manter a ordem a qualquer custo. Isso pode trazer de volta velhas práticas. É perigoso. Os outros não eram torturadores quando chegaram", diz Max Dante, da ONG Travessia, que acompanha a Febem.


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