|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Movimento diz haver invasores desaparecidos
DA AGÊNCIA FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM GOIÂNIA
O Ministério Público goiano investiga se há desaparecidos desde a reintegração
de posse, anteontem, como
afirmam os sem-teto.
A procuradora-geral de
Justiça de Goiás, Laura Bueno, ordenou que promotores e peritos checassem no
local a suspeita de que invasores foram mortos e tiveram os corpos jogados em
cisternas. O secretário da Segurança Pública e Justiça de
Goiás, Jônathas Silva, negou.
A busca foi suspensa às
21h30. Foram cavadas três
cisternas, e nada foi achado.
O Movimento Terra, Trabalho e Liberdade divulgou
lista ontem com 32 nomes
de desaparecidos, além de
um idoso, sem identificação.
Para o delegado Waldir
Soares, muitos podem ter
fugido para não serem presos. Ao menos 20 têm mandado de prisão decretado.
O uso excessivo de força
pelos PMs voltou a ser citado
ontem no velório. "A polícia
já maltratou muito. Podia
nos deixar em paz", dizia a
dona-de-casa Teresa Cavalcante, 48, sobre a vigilância
perto da catedral. Ao lado, a
filha Kátia Regina Cavalcante, 19, mostrava sinais no
braço. "Bateram, xingaram.
Disseram que iriam me matar. Foi horrível."
A costureira Lélia Costa
disse que viu Pedro Nascimento, um dos mortos,
amarrado. "Não fazia sentido tê-lo amarrado depois de
morto. Foi uma covardia."
A namorada de Wagner
Moreira, o outro morto, Lucileide Evangelista, 25, estava na invasão, mas não viu a
ação. "Ele tinha ido buscar o
tio. Saímos correndo e ficamos na esperança de que tivesse saído por outro lugar."
O mecânico Reginaldo da
Silva Mendes, 23, tio de Moreira, estava ao lado do sobrinho quando ele foi morto. "Foram dois [tiros]. Um
pelas costas, quando já estava deitado. Depois, o policial
o pegou pela camisa, levantou, encostou a arma no peito dele e atirou novamente."
A mulher do mecânico,
Maria Célia do Nascimento
Mendes, 38, também estava
no local com dois filhos pequenos. "Ele já estava rendido, com a mão na cabeça."
Dalvina Mendes da Silva
França, mãe do rapaz, foi até
o cemitério no carro funerário. "Ele era tudo pra mim.
Não acredito que o Brasil e o
mundo taparão os olhos para uma barbaridade dessas."
Texto Anterior: Tragédia anunciada: Policial dá 5 tiros em velório de sem-teto Próximo Texto: Armas da PM não serão examinadas Índice
|