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CONTRA
"Pai e mãe jamais fariam isso"
DA REPORTAGEM LOCAL
Pais de Fábio Marcondes de Lima, 21, que vive em estado vegetativo há três anos, Marisa, 50, e
Marcos Antonio de Lima, 51,
vêem no caso da norte-americana
Terri Schiavo "um assassinato".
"Nem os condenados à morte
naquele país perecem por fome e
falta de hidratação", declara o pai,
que se diz revoltado após três
anos de luta em busca de fisioterapia permanente para o filho. Para
ele, o Estado brasileiro "já pratica
a eutanásia" por não dar assistência a esses pacientes.
Terri morreu após a retirada do
tubo de alimentação, determinada pela Justiça após pedido de seu
marido. "Um pai e uma mãe jamais fariam isso", diz Marcos.
Sem fisioterapia, pacientes em
estado vegetativo sofrem uma terrível atrofia dos membros. Hoje
são os próprios pais que fazem
exercícios com Fábio, por não terem recursos para pagar um tratamento particular.
Lima diz, no entanto, ter encontrado famílias mais pobres e menos instruídas com pacientes totalmente encolhidos, em camas,
ou atados, para evitar uma piora
no quadro. O que acontece muitas vezes quando se faz isso, relata,
é que os membros ficam rígidos.
Lima tentou um tratamento experimental para o menino em Cuba, obtido com ajuda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
mas um imbróglio entre os dois
governos encerrou a assistência,
que trouxe melhoras ao menino,
segundo os médicos.
"As autoridades brasileiras só
discutem a eutanásia, mas o que
fazer com esses pacientes? Apesar
das graves condições neurológicas, são seres humanos que dormem, acordam e que, no caso do
meu filho, sentem dor. É injusto
tirar todas as esperanças dessas
pessoas", continua Lima.
Todas as instituições visitadas
pelos Lima recusam o tratamento
de Fábio, dizem os pais. "Estamos
tentando há três anos e não conseguimos ver uma perspectiva."
Nos últimos três anos, o comerciante tem buscado informações
sobre lesões cerebrais. Para o pai,
o governo deveria discutir ações
para evitar que mais jovens sofram esses danos.
"Sei, por exemplo, que uma medida simples, como baixar a temperatura do corpo após o acidente, pode evitar que a lesão piore.
Mas isso não é discutido", afirmou. "Sabe, dá uma revolta."
Depois de ter voltado de Cuba
para São Paulo, a família Lima
não recebeu mais nenhuma ajuda
do gabinete do presidente.
(FABIANE LEITE)
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