São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2005

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Porta blindada não evita roubo a apartamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Blindar a porta da entrada do apartamento não evitou que ele fosse assaltado na manhã de ontem. A tentativa de ampliar a segurança foi feita há cinco meses por uma família do condomínio Ponte Vecchio, em Moema, depois que outros prédios do bairro sofreram arrastões.
Segundo o morador do apartamento, que tem 30 anos e não quis se identificar por medo de retaliação dos bandidos, a empregada desceu para comprar pão às 7h e foi rendida pelos ladrões antes de sair.
Apesar de ter estranhado o fato de ela retornar em apenas dez minutos, a porta foi aberta quando se viu pelo olho mágico que estava sozinha. Os assaltantes esperaram no elevador até a porta abrir.
"Acordei com eles no meu quarto. Usavam pistolas, revólveres e um estava com a máscara do filme "Pânico". Todos que entraram no meu apartamento cobriam os rostos."
Após roubar jóias, dólares e euros, o grupo manteve os condôminos reféns no refeitório dos funcionários, na garagem. Dois homens armados com fuzis vigiavam 30 pessoas.
Uma funcionária pública de 52 anos afirmou que foi colocado um alambrado embaixo da rede elétrica há cerca de um mês porque ela batia em plantas de um terreno abandonado -e era acionado em vão.
Isso, no entanto, facilitou a entrada dos assaltantes: um deles simplesmente cortou o alambrado, entrou e rendeu o porteiro. Depois, deixou os demais ladrões entrarem. "Todos estavam com rádio e só um deles não usava capuz", afirmou ela. A moradora fez um boletim de ocorrência e um retrato falado no 96º DP (Brooklin).
Revoltados, outros moradores do prédio -que não foram assaltados, mas também se sentem inseguros-, cobram uma ação "firme" da polícia em relação aos arrastões.
"Graças a Deus eu não fui vítima desse assalto, tive sorte por morar num andar alto. Mas penso que os criminosos deveriam ser punidos com pena de morte", disse Ruth dos Santos Peres, 62. Para ela, essa seria a única maneira de evitar a violência, "que tem crescido cada vez mais".
Segundo Ruth, seu filho costuma chegar de madrugada aos domingos porque sai nas noites de sábado. Dessa vez, no entanto, ele já estava em casa quando os ladrões chegaram e fizeram reféns.
Para a professora Maria Regina Cazzaniga, a população deveria deixar de pagar impostos por pelo menos um mês para que o governo nas três instâncias -municipal, estadual e federal- seja pressionado a combater a violência no país.
Ela mora no prédio há 12 anos e também blindou a porta por medida de segurança. Seu apartamento só não foi assaltado porque a empregada não abriu a porta blindada quando tocaram a campainha. Ela estava sozinha em casa e ficou em silêncio absoluto para fingir que não havia ninguém. Algumas vítimas do assalto, muito abaladas, não quiseram comentar o episódio. (AFRA BALAZINA E FABIANE LEITE)

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