São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2005

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Adolescente leva tiro e morre durante ação policial no Rio

PEDRO LEMOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma estudante de 14 anos foi morta a tiros durante uma operação realizada na madrugada de ontem por soldados do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) na favela Vila Cruzeiro, na Penha (zona norte).
Alessandra Ferreira da Silva morreu após ser atingida nas pernas. Tiago Pinto, 20, foi baleado na barriga. Os dois foram levados para o hospital, mas Alessandra, que teve a veia femural perfurada, não resistiu aos ferimentos. Tiago foi operado e está fora de perigo.
Amigos e parentes de Alessandra dizem que os policiais chegaram atirando. A polícia nega e diz que foi recebida a bala por traficantes locais, que houve troca de tiros e que os soldados pararam para socorrer os jovens atingidos.
"Testemunhas disseram que houve troca de tiros e outras que disseram que não houve. Não se pode adiantar nada enquanto não forem concluídos todos exames periciais, no corpo da menina e nas armas dos policiais", disse o delegado Rafael Willis, da 22ª DP.
Alessandra, que morava com a mãe, irmãos e a avó em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, estava na Vila Cruzeiro com a família para uma visita à casa da bisavó, que fez aniversário no sábado. No mesmo dia, a família retornou para Duque de Caxias, mas Alessandra ficou com a bisavó.
Segundo testemunhas, por volta das 4h de ontem, a adolescente conversava com algumas pessoas, entre elas, Tiago, na porta da casa de uma amiga. Quando começaram os tiros, Alessandra tentou se abrigar dentro da casa, mas foi atingida e caiu no chão.
"Eles (os policiais) chegaram atirando. Foi uma correria danada, mas ela foi atingida", relata o vendedor André Luís Maia, 33.
A polícia afirma que fez a incursão para a apreensão de drogas e a prisão de traficantes. Segundo o comandante do Bope, Fernando Príncipe, os policiais recolheram cerca de 200 papelotes de cocaína, cem trouxinhas de maconha e comprimidos de LSD. A operação contou com 12 policiais.
"Naquele local existe uma boca-de-fumo e os policiais foram recebidos a tiros por homens que estavam em duas motos, tanto que há marcas no pára-brisa do carro. Após os disparos, os policiais recolheram as drogas e prestaram socorro", afirma Príncipe.
Alessandra era a filha mais velha de uma família de cinco irmãos e faria 15 anos em julho. Sua mãe, Cláudia, 29, sob o efeito de calmantes, mal conseguia falar no momento em que registrava a queixa.

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