|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Adolescente leva tiro e morre durante ação policial no Rio
PEDRO LEMOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma estudante de 14 anos foi
morta a tiros durante uma operação realizada na madrugada de
ontem por soldados do Bope (Batalhão de Operações Especiais da
Polícia Militar) na favela Vila Cruzeiro, na Penha (zona norte).
Alessandra Ferreira da Silva
morreu após ser atingida nas pernas. Tiago Pinto, 20, foi baleado
na barriga. Os dois foram levados
para o hospital, mas Alessandra,
que teve a veia femural perfurada,
não resistiu aos ferimentos. Tiago
foi operado e está fora de perigo.
Amigos e parentes de Alessandra dizem que os policiais chegaram atirando. A polícia nega e diz
que foi recebida a bala por traficantes locais, que houve troca de
tiros e que os soldados pararam
para socorrer os jovens atingidos.
"Testemunhas disseram que
houve troca de tiros e outras que
disseram que não houve. Não se
pode adiantar nada enquanto não
forem concluídos todos exames
periciais, no corpo da menina e
nas armas dos policiais", disse o
delegado Rafael Willis, da 22ª DP.
Alessandra, que morava com a
mãe, irmãos e a avó em Duque de
Caxias, na Baixada Fluminense,
estava na Vila Cruzeiro com a família para uma visita à casa da bisavó, que fez aniversário no sábado. No mesmo dia, a família retornou para Duque de Caxias, mas
Alessandra ficou com a bisavó.
Segundo testemunhas, por volta
das 4h de ontem, a adolescente
conversava com algumas pessoas,
entre elas, Tiago, na porta da casa
de uma amiga. Quando começaram os tiros, Alessandra tentou se
abrigar dentro da casa, mas foi
atingida e caiu no chão.
"Eles (os policiais) chegaram
atirando. Foi uma correria danada, mas ela foi atingida", relata o
vendedor André Luís Maia, 33.
A polícia afirma que fez a incursão para a apreensão de drogas e a
prisão de traficantes. Segundo o
comandante do Bope, Fernando
Príncipe, os policiais recolheram
cerca de 200 papelotes de cocaína,
cem trouxinhas de maconha e
comprimidos de LSD. A operação
contou com 12 policiais.
"Naquele local existe uma boca-de-fumo e os policiais foram recebidos a tiros por homens que estavam em duas motos, tanto que
há marcas no pára-brisa do carro.
Após os disparos, os policiais recolheram as drogas e prestaram
socorro", afirma Príncipe.
Alessandra era a filha mais
velha de uma família de cinco
irmãos e faria 15 anos em julho.
Sua mãe, Cláudia, 29, sob o efeito
de calmantes, mal conseguia falar
no momento em que registrava
a queixa.
Texto Anterior: Porta blindada não evita roubo a apartamento Próximo Texto: Mecânico confessa ter matado funcionário do Banco do Brasil Índice
|