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Justiça manda soltar repórter Roberto Cabrini
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O jornalista Roberto Cabrini,
48, preso na terça-feira sob a
acusação de tráfico de drogas,
foi libertado ontem às 20h30. A
juíza Maria Fernanda Pelli, do
Dipo (Departamento de Inquéritos e Polícia Judiciária), aceitou o pedido de relaxamento do
flagrante de prisão.
O repórter vai acompanhar
em liberdade o inquérito. Ele
nega a acusação de tráfico e de
ser usuário de cocaína. Cabrini
diz que houve armação.
Ao deixar o 13º DP (Casa Verde), Cabrini falou pouco. "Há
uma série de coisas sobre as
quais não estou feliz, mas vou
falar depois", disse.
A polícia diz que achou dez
papelotes de cocaína dentro do
carro do jornalista. Ele estava
acompanhado da comerciante
Nadir Dias. Na bolsa dela, a polícia diz ter achado um pendrive (memória portátil de computador) com imagens em que
o jornalista aparece inalando
um pó branco. Também foi
achada uma declaração dela,
afirmando que as imagens haviam sido feitas a trabalho. A
mulher, diz a polícia, foi ouvida
como testemunha e liberada.
Segundo o jornalista, Nadir é
uma fonte que o ajudou a conseguir entrevistas com chefes
do PCC e havia lhe prometido
entregar um DVD na terça, com
mais dados sobre a facção.
Ele alegou ainda, em carta
aos jornalistas, que Nadir lhe
apontou uma arma e foi "induzido a consumir o produto". Diz
ainda que ela seria ligada ao
tráfico de drogas e que começou a desconfiar que ele faria
uma reportagem sobre ela.
Nadir nega as acusações e diz
que ele a obrigou a assinar uma
carta dizendo que ele estava fazendo uma reportagem com
ela, o que incluía o uso da droga.
Cabrini também afirmou, em
seu depoimento, que o delegado titular do Jardim Herculano, Ulisses Augusto Pascolati,
chegou a sugerir que, se ele admitisse ser usuário de drogas,
faria apenas um termo circunstanciado e o liberaria.
O delegado confirmou ontem
à Folha. "É verdade. Eu vi o vídeo dele cheirando, a droga estava no carro. Se ele dissesse
que era para consumir, seria
um termo circunstanciado,
mas ele não admitiu nem que
era usuário e nem que era traficante. O que eu ia fazer?"
Para Pascolati, a declaração
de que ele usou drogas a trabalho não tem valor. "Ninguém
pode cometer um crime por estar trabalhando. Disse a ele
que, pra mim, aquele papel não
vale mais que papel higiênico."
A Record afirmou, em nota
divulgada na quarta-feira, que
tem registros internos de que
Cabrini fazia uma reportagem.
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