São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça manda soltar repórter Roberto Cabrini

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O jornalista Roberto Cabrini, 48, preso na terça-feira sob a acusação de tráfico de drogas, foi libertado ontem às 20h30. A juíza Maria Fernanda Pelli, do Dipo (Departamento de Inquéritos e Polícia Judiciária), aceitou o pedido de relaxamento do flagrante de prisão.
O repórter vai acompanhar em liberdade o inquérito. Ele nega a acusação de tráfico e de ser usuário de cocaína. Cabrini diz que houve armação.
Ao deixar o 13º DP (Casa Verde), Cabrini falou pouco. "Há uma série de coisas sobre as quais não estou feliz, mas vou falar depois", disse.
A polícia diz que achou dez papelotes de cocaína dentro do carro do jornalista. Ele estava acompanhado da comerciante Nadir Dias. Na bolsa dela, a polícia diz ter achado um pendrive (memória portátil de computador) com imagens em que o jornalista aparece inalando um pó branco. Também foi achada uma declaração dela, afirmando que as imagens haviam sido feitas a trabalho. A mulher, diz a polícia, foi ouvida como testemunha e liberada.
Segundo o jornalista, Nadir é uma fonte que o ajudou a conseguir entrevistas com chefes do PCC e havia lhe prometido entregar um DVD na terça, com mais dados sobre a facção.
Ele alegou ainda, em carta aos jornalistas, que Nadir lhe apontou uma arma e foi "induzido a consumir o produto". Diz ainda que ela seria ligada ao tráfico de drogas e que começou a desconfiar que ele faria uma reportagem sobre ela.
Nadir nega as acusações e diz que ele a obrigou a assinar uma carta dizendo que ele estava fazendo uma reportagem com ela, o que incluía o uso da droga.
Cabrini também afirmou, em seu depoimento, que o delegado titular do Jardim Herculano, Ulisses Augusto Pascolati, chegou a sugerir que, se ele admitisse ser usuário de drogas, faria apenas um termo circunstanciado e o liberaria.
O delegado confirmou ontem à Folha. "É verdade. Eu vi o vídeo dele cheirando, a droga estava no carro. Se ele dissesse que era para consumir, seria um termo circunstanciado, mas ele não admitiu nem que era usuário e nem que era traficante. O que eu ia fazer?"
Para Pascolati, a declaração de que ele usou drogas a trabalho não tem valor. "Ninguém pode cometer um crime por estar trabalhando. Disse a ele que, pra mim, aquele papel não vale mais que papel higiênico."
A Record afirmou, em nota divulgada na quarta-feira, que tem registros internos de que Cabrini fazia uma reportagem.


Texto Anterior: Dois presos de Minas trocam regime semi-aberto por tornozeleira eletrônica
Próximo Texto: Promotoria acusa estilista de usar "laranjas"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.