São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Promotoria acusa estilista de usar "laranjas"

DENISE MENCHEN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

A estilista Alice Tapajós corre o risco de ser condenada a até oito anos de prisão. Acusada pelo Ministério Público do Estado do Rio de usar "laranjas" para manter o nome limpo no mercado, ela está sendo processada por falsidade ideológica e formação de quadrilha.
A denúncia diz que Tapajós usou os nomes do técnico em telecomunicações Damião Cristiano de Souza Oliveira, do almoxarife João Denilson Farias Rosa e de Antonieta Conceição dos Santos, sua empregada por 26 anos, para se livrar de empresas falidas.
A primeira transferência ocorreu em 1997, com a falsificação das assinaturas de Oliveira e de Rosa. Em 2003, a doméstica foi incluída na fraude. Antonieta, que disse desconhecer a empresa registrada em seu nome, disse à polícia que assinava documentos entregues pela patroa, pensando que se tratava de papéis referentes ao contrato como doméstica.
"Com as sucessivas alterações contratuais e mudanças de nome da empresa, bem como dos endereços, a denunciada salvaguardou o seu nome, vendendo, no mercado, a boa imagem que a falência não poderia lhe retirar, eis que o nome da empresa falida virtualmente foi trocado", diz a promotora Dora Beatriz Wilson da Costa.
Ela diz ainda que, em 2003, José Mário Tournillon Ramos, José Francisco Tapajós de Oliveira e Antonia Tapajós de Oliveira Ramos, respectivamente marido e filhos da estilista, venderam indevidamente um ponto comercial no shopping Fashion Mall, por R$ 700 mil. Eles foram incluídos no processo, que cita ainda a comerciária Patrícia da Rocha Carvalho como participante das fraudes.
Usado como "laranja", Damião Oliveira, 35, sonha em "limpar o nome". Com o CPF cancelado devido às pendências das empresas com a Receita Federal, ele perdeu o emprego e viu sua vida desmoronar.
"Antes, ganhava R$ 1.200 por mês, morava de aluguel, tinha um carro e minha mulher não precisava trabalhar", diz. Hoje, mora com a esposa e dois filhos num "puxadinho" na casa da irmã e está com a pensão de outros dois filhos atrasada. Ele perdeu seus documentos em 1992. Apesar de ter registrado ocorrência, soube, nove anos depois, que os dados constavam nas empresas de Tapajós.

Outro lado
A Folha procurou Alice Tapajós diversas vezes nos últimos dois dias, mas não obteve resposta. O advogado Rafael Medina afirmou na terça que ela só falaria em juízo. Procurado novamente ontem, no entanto, ele informou que não é mais responsável pelo caso.


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