|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Promotoria acusa estilista de usar "laranjas"
DENISE MENCHEN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
A estilista Alice Tapajós corre o risco de ser condenada a
até oito anos de prisão. Acusada
pelo Ministério Público do Estado do Rio de usar "laranjas"
para manter o nome limpo no
mercado, ela está sendo processada por falsidade ideológica e formação de quadrilha.
A denúncia diz que Tapajós
usou os nomes do técnico em
telecomunicações Damião
Cristiano de Souza Oliveira, do
almoxarife João Denilson Farias Rosa e de Antonieta Conceição dos Santos, sua empregada por 26 anos, para se livrar
de empresas falidas.
A primeira transferência
ocorreu em 1997, com a falsificação das assinaturas de Oliveira e de Rosa. Em 2003, a doméstica foi incluída na fraude.
Antonieta, que disse desconhecer a empresa registrada em
seu nome, disse à polícia que
assinava documentos entregues pela patroa, pensando que
se tratava de papéis referentes
ao contrato como doméstica.
"Com as sucessivas alterações contratuais e mudanças de
nome da empresa, bem como
dos endereços, a denunciada
salvaguardou o seu nome, vendendo, no mercado, a boa imagem que a falência não poderia
lhe retirar, eis que o nome da
empresa falida virtualmente foi
trocado", diz a promotora Dora
Beatriz Wilson da Costa.
Ela diz ainda que, em 2003,
José Mário Tournillon Ramos,
José Francisco Tapajós de Oliveira e Antonia Tapajós de Oliveira Ramos, respectivamente
marido e filhos da estilista, venderam indevidamente um ponto comercial no shopping Fashion Mall, por R$ 700 mil. Eles
foram incluídos no processo,
que cita ainda a comerciária
Patrícia da Rocha Carvalho como participante das fraudes.
Usado como "laranja", Damião Oliveira, 35, sonha em
"limpar o nome". Com o CPF
cancelado devido às pendências das empresas com a Receita Federal, ele perdeu o emprego e viu sua vida desmoronar.
"Antes, ganhava R$ 1.200 por
mês, morava de aluguel, tinha
um carro e minha mulher não
precisava trabalhar", diz. Hoje,
mora com a esposa e dois filhos
num "puxadinho" na casa da irmã e está com a pensão de outros dois filhos atrasada. Ele
perdeu seus documentos em
1992. Apesar de ter registrado
ocorrência, soube, nove anos
depois, que os dados constavam nas empresas de Tapajós.
Outro lado
A Folha procurou Alice Tapajós diversas vezes nos últimos dois dias, mas não obteve
resposta. O advogado Rafael
Medina afirmou na terça que
ela só falaria em juízo. Procurado novamente ontem, no entanto, ele informou que não é
mais responsável pelo caso.
Texto Anterior: Justiça manda soltar repórter Roberto Cabrini Próximo Texto: Deputado é suspeito de encomendar morte Índice
|