São Paulo, sábado, 18 de abril de 1998

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DESABAMENTO
Apartamentos deveriam ser desocupados por causa de congresso que lotou hotéis do Rio de Janeiro
Famílias do Palace resistem à desocupação

da Sucursal do Rio

Dez famílias de moradores do condomínio Palace, na Barra da Tijuca, cujo bloco 2 teve que ser implodido após desabar parcialmente em fevereiro, recusaram-se no início da tarde de ontem a deixar o Barra Leme Hotel Residência, onde estavam hospedados à custa da Prefeitura do Rio.
Mesmo sabendo que teriam que sair até meio-dia, os moradores ainda estavam no hotel à noite, negociando. Vinte e cinco famílias saíram de manhã. Todas tinham sido avisadas de que teriam que desocupar os apartamentos para dar lugar a participantes do 13º Congresso Internacional de Cardiologia.
O encontro, com 15 mil participantes, será realizado de 26 a 30 de abril no Rio e lotou a rede hoteleira carioca pelos próximos dias. As reservas, feitas com antecedência, já foram pagas, informou a gerência do Barra Leme.
Segundo o hotel e o subprefeito da Barra da Tijuca, Luiz Antonio Guaraná, os moradores do Palace 1 poderão voltar em 1º de maio. As famílias que resistiam alegavam não ter opção de hospedagem até lá: por causa do congresso, até motéis estão ocupados.
89 famílias de moradores do Palace 1 estavam abrigadas em sete hotéis, por causa de obras de reforço estrutural que estão sendo feitas no prédio, que também ameaçava desabar.
"Não tenho para onde ir", disse à Folha Izildinha da Costa Carvalho, que morava no apartamento 1.301 do Palace 1. Abrigada no apartamento 110 do Barra Leme com o marido e os filhos, ela não sabia o que fazer. Os dois não têm na cidade parentes que possam recebê-los.
Outra moradora inconformada com a incerteza era Noêmia Felippe, avó da deputada federal Vanessa Felippe (PFL-RJ). Ela contou que em 23 de março recebeu um comunicado sem assinatura, colocado sob a porta do apartamento 1.113 do Barra Leme, dizendo que teria que sair do hotel.
"Entrei em contato com o gabinete de minha neta, em Brasília, e pedi a uma assessora que perguntasse à Protel (administradora do Barra Leme) o que estava acontecendo", contou. "A Protel disse que tinha sido uma comissão dos moradores. Quando o Luiz Antonio soube que eu, avó de uma deputada, encabeçava a lista das pessoas que iriam ser colocadas na rua, mandou cancelar."
Ex-moradores do Palace 2 também viveram ontem um dia de dificuldades. O hotel Atlântico Sul, disse-lhes que deveriam sair até meio-dia de ontem. A gerência alegava que a Sersan, responsável pela hospedagem, não pagara pelos próximos dias. No fim da tarde, o hotel Saint Paul informou que pagará na segunda-feira, e o Atlântico Sul aceitou que os moradores permanecessem.



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