São Paulo, segunda, 18 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BRINDE COM ÁGUA
Jovem de classe média roubava bebida em mercado

da Reportagem Local

Marcelo (nome fictício), 19, perdeu a conta de quantas vezes invadiu supermercados para roubar uma garrafa de pinga e sair bebendo pela rua.
Jovem de classe média, ele começou a beber quando tinha 13 anos. Só parou há pouco mais de 20 dias, após duas repetências na escola e cinco acidentes de trânsito -quatro neste ano.
O mais grave ocorreu na África do Sul, aos 17 anos. Após tomar uma bebida com 80% de teor alcoólico, Marcelo pegou o carro de um amigo e capotou. Passou a noite na delegacia.
Também no Brasil ele enfrentou problemas com a polícia. Foi pego duas vezes -uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro- em favelas comprando cocaína, vício que adquiriu no ano passado.
Quando começou a beber, Marcelo estudava num tradicional colégio da região central de São Paulo. No 2º colegial, não conseguia assistir uma aula sequer sem beber. Repetiu duas vezes e acabou num supletivo.
Não sabe como passou no vestibular, após beber durante um ano de cursinho. Passou numa faculdade particular de engenharia, mas perdeu o primeiro bimestre no bar.
Na última sexta-feira de abril, Marcelo achou que iria morrer após beber e cheirar durante 14 horas. "Percebi que precisava de ajuda urgente." Ele procurou o NA (Narcóticos Anônimos) e está limpo desde então.
"Hoje já estou muito melhor. Sentia um vazio muito grande na época da dependência. Agora estou aprendendo a lidar com meus sentimentos."


Alcoólicos Anônimos: (011) 225-9333; Narcóticos Anônimos: (011) 242-9733.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.