São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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Líder de fórum pede transparência

DA REPORTAGEM LOCAL

"Há uma enorme falta de transparência nesta administração [da Prefeitura de São Paulo]. Temos dificuldade de obter informações. Hoje, o grande alimentador de nossas discussões é a imprensa, que acaba investindo tempo para conseguir dados que são direito de todos e que não deveriam exigir nenhuma investigação."
Nada animador, o diagnóstico é do economista Paulo Brasil Corrêa de Mello, conselheiro do Conselho Regional de Economia e atual coordenador do Fórum de Orçamento Público de São Paulo.
O fórum surgiu em 1998 por iniciativa do economista e hoje vereador Odilon Guedes (PT), que estava na ocasião sem mandato. Ele foi seu primeiro coordenador.
Uma vez por mês, a entidade faz uma reunião aberta à comunidade para discutir as finanças municipais. A idéia é traduzir para a população a situação da cidade. Hoje, porém, como diz Mello, a tradução parte de reportagens, pois o fórum não consegue informações com a prefeitura.
"A Lei de Diretrizes Orçamentárias previa que uma cópia do Orçamento, por exemplo, fosse encaminhada ao fórum. A atual gestão, porém, eliminou a obrigação da LDO", afirma o economista.
Mello estava no litoral durante a semana passada e não pôde analisar os documentos aos quais a Folha teve acesso nem os cálculos feitos pela reportagem.
Comentando em tese uma eventual elevação artificial da dívida ativa, ele afirmou que a estratégia, se confirmada, visa "demonstrar a capacidade do governo de cumprir com suas obrigações" e "disfarçar uma situação bem desconfortante do ponto de vista político e administrativo".
"É difícil dizer algo [sobre a maquiagem] sem colocar o pescoço na forca exatamente porque nós estamos aqui, quase sem dados, e eles lá, com tudo na tela do computador", disse o economista, para quem a prefeitura deve explicações sobre a correção adotada.
"O correto seria o balanço do poder público ter, como se exige da iniciativa privada, notas explicativas sobre índices e cálculos que garantissem credibilidade. Aí não teríamos dúvida do que realmente aconteceu." (SC)


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