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IMPLOSÃO
Foram usados 200 kg de explosivos para derrubar as unidades 2 e 5 da velha Casa de Detenção, na zona norte
Limpeza do Carandiru vai demorar 3 meses
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Duzentos quilos de dinamite espalhados em 1.500 pontos puseram abaixo ontem os pavilhões 2
e 5 do Carandiru em apenas quatro segundos. A destruição se deu
às 11h02, em meio a rajadas de
vento que espalharam a grande
quantidade de poeira resultante
da implosão pela área na zona
norte de São Paulo. Em 90 dias,
espera-se que o local esteja totalmente limpo, sem entulhos.
Após esse prazo, começará, então, a terceira fase da implantação
do parque da Juventude no local.
A área será chamada de parque
Institucional e abrigará um pavilhão de exposições e um teatro
(leia texto nesta página).
Em dezembro de 2002, os pavilhões 6, 8 e 9 foram derrubados
com 250 quilos de explosivos instalados em pilares e estruturas. A
ação demorou sete segundos.
Apenas os pavilhões 4 e 7 do Carandiru, ou Casa de Detenção de
São Paulo, serão mantidos.
"O velho Carandiru, agora, só
no cinema ou na televisão", disse
o governador Geraldo Alckmin
(PSDB), depois de ter acionado o
botão vermelho que detonou a dinamite. De acordo com ele, a cidade deixou de ter um modelo
"péssimo" de segurança com o
fim da Casa de Detenção, uma penitenciária com mais de 8.500
presos, constantes focos de rebelião e fugas.
Para a operação de ontem, foram mobilizados 409 integrantes
da Defesa Civil. Trinta e seis famílias que moram próximas aos pavilhões precisaram deixar suas casas pela manhã para não correr
riscos com a implosão.
"Eu saí às 9h e voltei ao meio-dia. Assisti a implosão pelo telão e
achei que foi mais fraca que a anterior, quando senti o chão tremer", disse o garçom Wagner
Nascimento, 22. Ele não percebeu
nenhum problema na casa após a
detonação dos explosivos e não
viu rachaduras.
Segundo o engenheiro responsável pela implosão, Manoel Jorge
Dias, 49, tudo correu conforme
era previsto e o resultado foi "maravilhoso". "A operação foi perfeita graças ao trabalho que a Defesa Civil desenvolveu no isolamento de área, que é o aspecto
mais importante", disse.
Segundo ele, a fragmentação
dos prédios foi boa e isso irá facilitar a retirada do entulho. O engenheiro afirmou que parte do material que restou, principalmente
ferro, será reciclada.
A Defesa Civil estima que 800
pessoas tenham assistido à implosão por um telão instalado na avenida General Ataliba Leonel. No
palanque instalado mais perto
dos prédios, onde era permitida a
presença apenas de convidados e
da imprensa, estavam protagonistas da história do Carandiru.
Um deles, Edvaldo Godoy, passou 20 anos no local e assistiu ao
massacre que vitimou 111 presos.
Outro presente foi o coronel Ubiratan Guimarães, que comandou
essa operação (leia nesta página).
Sistema prisional
O governador disse ontem que
irá manter o prazo para acabar
com as carceragens. Isso possibilitará, segundo ele, manter os presos ainda não condenados em local mais digno, nos CDPs (Centros de Detenção Provisória).
"O prazo é outubro. Esse é um
segundo esforço do tamanho do
Carandiru. As delegacias de polícia foram historicamente lotando
e a nossa meta é deixar apenas
uma em cada seccional para
transferência para os CDPs."
Segundo ele, nos CDPs o preso
não fica "naquelas cadeias minúsculas, com umidade, doença, sem
tomar sol, às vezes mais de ano".
Na implosão de 2002, Alckmin
anunciou a criação de uma superprisão, nos moldes de Presidente
Bernardes. Ela deveria ter sido
construída em 2003.
Entretanto, segundo o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, não foi
possível cumprir a promessa porque o Ministério da Justiça não liberou R$ 12 milhões necessários
para as obras. O presídio ficaria
numa cidade do interior.
"Os R$ 12 milhões não foram liberados, então optou-se por reformar a Penitenciária de Avaré,
que vai atingir a mesma finalidade, com recursos do Estado", disse Furukawa. O número de vagas
em Avaré passará de 500 para 750.
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