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Corregedor negocia a rendição de traficante
MARIO HUGO MONKEN
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
A rendição do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco,
vem sendo tratada de maneira sigilosa desde o início do mês pelo
corregedor-geral de Polícia Unificada do Rio, Aldney Peixoto.
O corregedor disse ontem que, pelo advogado de Elias Maluco,
Paulo Roberto Cuzzuol, ofereceu ao traficante todas as garantias de
segurança, se ele concordar em se entregar. Cuzzuol ficou de consultar seu cliente, segundo Peixoto, mas ainda não deu resposta.
O corregedor disse que a rendição, se for acertada, terá a presença do procurador-geral de Justiça
do Rio, José Muiños Piñeiro Filho,
e do juiz Alexandre Abrahão, responsável pelo processo do assassinato de Tim Lopes, que tem Maluco como principal acusado.
Peixoto diz não ter dúvidas de
que o traficante ainda não foi preso porque está sendo protegido
por policiais corruptos. Ele disse
que propôs a rendição por temer
que Maluco seja assassinado por
esses policiais. "Meu interesse não
é capturar Elias Maluco, e sim que
ele conte o nome dos policiais que
estariam envolvidos com ele."
A Corregedoria vem investigando o suposto envolvimento de policiais com Maluco desde que surgiram suspeitas de que o traficante participara do assassinato do
jornalista Tim Lopes, em 2 de junho. Em agosto, o órgão recebeu a
denúncia de que Elias Maluco teria sido preso em São Gonçalo
(região metropolitana do Rio de
Janeiro), mas teria pago R$ 600
mil para policiais do 7º Batalhão
da Polícia Militar para ser solto.
Beira-Mar
Após vistoriar ontem o Batalhão
de Choque da PM, o corregedor
constatou que o local não está
preparado para custodiar presos
"de alta periculosidade" como
Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
Também estão no batalhão,
desde sexta, Márcio dos Santos
Nepomuceno, o Marcinho VP,
Marcos Marinho dos Santos, o
Chapolim, Márcio Silva Macedo,
o Gigante, e Marcos Antônio Firmino da Silva, o My Thor.
Segundo o corregedor, policiais
já foram alertados sobre um possível plano de resgate de Beira-Mar. Apesar das medidas tomadas pelo comandante Francisco
Spargoli, como o reforço do policiamento e a instalação de câmeras nas celas, Peixoto disse que o
batalhão ainda é vulnerável.
"É uma prisão improvisada. Lá
não pode ter presos como Beira-Mar, que é capaz de articular, de
dentro da cela, uma ação de resgate. O batalhão possui uma grande
área descoberta. Ali pode ocorrer
até um resgate de helicóptero."
Reestruturação
Decreto da governadora Benedita da Silva determina que a Corregedoria Geral de Polícia Unificada, que engloba as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros, passe a reunir o Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário)
e o Degase (Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas).
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