São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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Corregedor negocia a rendição de traficante

MARIO HUGO MONKEN
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

A rendição do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, vem sendo tratada de maneira sigilosa desde o início do mês pelo corregedor-geral de Polícia Unificada do Rio, Aldney Peixoto.
O corregedor disse ontem que, pelo advogado de Elias Maluco, Paulo Roberto Cuzzuol, ofereceu ao traficante todas as garantias de segurança, se ele concordar em se entregar. Cuzzuol ficou de consultar seu cliente, segundo Peixoto, mas ainda não deu resposta.
O corregedor disse que a rendição, se for acertada, terá a presença do procurador-geral de Justiça do Rio, José Muiños Piñeiro Filho, e do juiz Alexandre Abrahão, responsável pelo processo do assassinato de Tim Lopes, que tem Maluco como principal acusado.
Peixoto diz não ter dúvidas de que o traficante ainda não foi preso porque está sendo protegido por policiais corruptos. Ele disse que propôs a rendição por temer que Maluco seja assassinado por esses policiais. "Meu interesse não é capturar Elias Maluco, e sim que ele conte o nome dos policiais que estariam envolvidos com ele."
A Corregedoria vem investigando o suposto envolvimento de policiais com Maluco desde que surgiram suspeitas de que o traficante participara do assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2 de junho. Em agosto, o órgão recebeu a denúncia de que Elias Maluco teria sido preso em São Gonçalo (região metropolitana do Rio de Janeiro), mas teria pago R$ 600 mil para policiais do 7º Batalhão da Polícia Militar para ser solto.

Beira-Mar
Após vistoriar ontem o Batalhão de Choque da PM, o corregedor constatou que o local não está preparado para custodiar presos "de alta periculosidade" como Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
Também estão no batalhão, desde sexta, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim, Márcio Silva Macedo, o Gigante, e Marcos Antônio Firmino da Silva, o My Thor.
Segundo o corregedor, policiais já foram alertados sobre um possível plano de resgate de Beira-Mar. Apesar das medidas tomadas pelo comandante Francisco Spargoli, como o reforço do policiamento e a instalação de câmeras nas celas, Peixoto disse que o batalhão ainda é vulnerável.
"É uma prisão improvisada. Lá não pode ter presos como Beira-Mar, que é capaz de articular, de dentro da cela, uma ação de resgate. O batalhão possui uma grande área descoberta. Ali pode ocorrer até um resgate de helicóptero."

Reestruturação
Decreto da governadora Benedita da Silva determina que a Corregedoria Geral de Polícia Unificada, que engloba as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros, passe a reunir o Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) e o Degase (Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas).


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