São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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Transferência de Beira-Mar para a ilha das Cobras divide ministros

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os ministros Paulo de Tarso Ramos Ribeiro (Justiça) e Geraldo Quintão (Defesa) divergiram ontem sobre uma possível transferência do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para o presídio militar da Marinha localizado na ilha das Cobras, na baía da Guanabara.
A sugestão, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, foi dada pelo presidenciável José Serra (PSDB), candidato do governo.
O governo do Rio tenta, sem sucesso, transferir Beira-Mar desde a semana passada para outro Estado. Cabe ao Judiciário a autorização para qualquer mudança de "moradia" do traficante.
Serra tratou do tema durante visita anteontem ao Rio. "Esse criminoso deveria ser transferido para um presídio federal. Há argumentos jurídicos para isso, porque ele tem usado armas privativas do Exército. Ele poderia ir, por exemplo, para a ilha das Cobras, que é um presídio da Marinha", disse Serra.
Pela manhã, o ministro da Justiça afirmou que sua pasta analisa tecnicamente a chance de enviar Beira-Mar para a unidade da Marinha. No início da noite, porém, o ministro da Defesa afirmou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que a prisão "não está adequada a acolher um preso desse nível de periculosidade".
O secretário de Justiça do Rio, Paulo Saboya, disse ontem não ter sido informado pelo governo federal sobre uma possível transferência de Fernandinho Beira-Mar para a prisão da Marinha.
O presídio foi construído pelos portugueses em 1624. Passou ao controle da Marinha em 1966, para abrigar militares que reagiam contra o regime. O acesso à ilha é feito por uma ponte que parte de dentro do 1º Distrito Naval, no centro do Rio.
Hoje, a prisão está destinada a detenção de militares por até dois anos. Acima desse prazo, ocorre a expulsão e perda da patente e o réu é julgado pela Justiça comum.
A infra-estrutura do presídio não pode ser comparada, segundo Quintão, à da penitenciária Bangu 1, onde Beira-Mar comandou a morte de quatro presos de facções rivais na semana passada, ou mesmo à do quartel do Batalhão de Operações Especiais do Rio, onde o traficante está detido atualmente. São 20 celas comuns "sem aparato que dê segurança absoluta", segundo o ministro.


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