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Transferência de Beira-Mar para a ilha das Cobras divide ministros
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ministros Paulo de Tarso Ramos Ribeiro (Justiça) e Geraldo
Quintão (Defesa) divergiram ontem sobre uma possível transferência do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para o presídio militar da
Marinha localizado na ilha das
Cobras, na baía da Guanabara.
A sugestão, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da
Justiça, foi dada pelo presidenciável José Serra (PSDB), candidato
do governo.
O governo do Rio tenta, sem sucesso, transferir Beira-Mar desde
a semana passada para outro Estado. Cabe ao Judiciário a autorização para qualquer mudança de
"moradia" do traficante.
Serra tratou do tema durante visita anteontem ao Rio. "Esse criminoso deveria ser transferido
para um presídio federal. Há argumentos jurídicos para isso,
porque ele tem usado armas privativas do Exército. Ele poderia ir,
por exemplo, para a ilha das Cobras, que é um presídio da Marinha", disse Serra.
Pela manhã, o ministro da Justiça afirmou que sua pasta analisa
tecnicamente a chance de enviar
Beira-Mar para a unidade da Marinha. No início da noite, porém,
o ministro da Defesa afirmou, por
intermédio de sua assessoria de
imprensa, que a prisão "não está
adequada a acolher um preso desse nível de periculosidade".
O secretário de Justiça do Rio,
Paulo Saboya, disse ontem não ter
sido informado pelo governo federal sobre uma possível transferência de Fernandinho Beira-Mar
para a prisão da Marinha.
O presídio foi construído pelos
portugueses em 1624. Passou ao
controle da Marinha em 1966, para abrigar militares que reagiam
contra o regime. O acesso à ilha é
feito por uma ponte que parte de
dentro do 1º Distrito Naval, no
centro do Rio.
Hoje, a prisão está destinada a
detenção de militares por até dois
anos. Acima desse prazo, ocorre a
expulsão e perda da patente e o
réu é julgado pela Justiça comum.
A infra-estrutura do presídio
não pode ser comparada, segundo Quintão, à da penitenciária
Bangu 1, onde Beira-Mar comandou a morte de quatro presos de
facções rivais na semana passada,
ou mesmo à do quartel do Batalhão de Operações Especiais do
Rio, onde o traficante está detido
atualmente. São 20 celas comuns
"sem aparato que dê segurança
absoluta", segundo o ministro.
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