São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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Governo do Rio diz ter livrado autoridades de atentado

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A coordenadora de Segurança do Rio, Jacqueline Muniz, disse ontem que em abril -primeiro mês de governo de Benedita da Silva (PT)- a polícia descobriu um plano de lideranças do tráfico de drogas para matar três autoridades estaduais.
Muniz afirmou que seria uma das vítimas, mas não revelou os nomes das outras. O atentado estaria programado para o dia 1º de maio, em um ato público no Aterro do Flamengo (zona sul) em comemoração ao Dia do Trabalho.
Segundo Muniz, o atentado foi detectado pelo serviço de inteligência do governo com três semanas de antecedência. Ela não informou que facção planejara o ataque nem como o plano foi descoberto e inviabilizado.
A coordenadora disse que compareceu ao ato público. "Estava absolutamente segura com o trabalho da inteligência", disse ela, que desde então teve a segurança reforçada.
O episódio vinha sendo mantido em sigilo. Muniz revelou o plano ao ser questionada sobre ameaças que teriam sido feitas pelo tráfico à irmã do chefe de Polícia Civil, Zaqueu Teixeira. Ela teria sido obrigada a deixar sua casa, perto de uma favela na Ilha do Governador (zona norte).
"Esse tipo de ameaça, se de fato ocorreu, é bastante previsível. Qual é a pretensão do crime? Tentar desmoralizar as autoridades de segurança pública, desqualificar as ações de governo e fazer com que a população se sinta ameaçada", afirmou Muniz.
A Polícia Civil informou que Teixeira não comentaria o episódio envolvendo a irmã.
Para a coordenadora, os traficantes estão reagindo à ação do governo. Sufocado, sem dinheiro e sem chefes nas ruas, o tráfico teve de mudar o modo de agir, disse ela. Para Muniz, os traficantes têm apelado para ações simbólicas -como o ataque a prédios públicos- com o objetivo de intimidar governo e sociedade.
Ela afirmou que as ações também são influenciadas pelos métodos da facção criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital). "O tráfico não reconhece fronteiras."
Sobre a entrada das armas no presídio de segurança máxima Bangu 3, Muniz disse que o governo reconhece falhas. "São 16 unidades em uma estrutura obsoleta que abriga 80% da massa carcerária do Rio e que permite a entrada de centenas de visitantes por dia."
A polícia suspeita que há mais armas, inclusive fuzis, em Bangu 3. Anteontem, os presos, que fizeram uma rebelião depois de uma tentativa de fuga frustrada, entregaram à polícia três fuzis, cinco pistolas, três granadas, 5 kg de explosivos e munição.
Segundo a polícia, agentes e policiais que participaram da repressão à tentativa de fuga e das negociações contaram que as marcas de tiros nas paredes do presídio (disparados de dentro para fora) e a intensidade do tiroteio indicam que os presos teriam mais armas.
O diretor do Desipe (Departamento de Sistema Penitenciário), major Hugo Freire, confirmou ter informações de que ainda haveria armas no presídio. "Fizemos vistorias ontem [anteontem] e hoje [ontem] e nada foi encontrado. Mas, enquanto houver a suspeita de que há armas e outros túneis, vamos continuar vistoriando."
O secretário estadual de Justiça, Paulo Saboya, suspeita que haja celulares em Bangu 3. Segundo ele, as armas entraram no presídio há meses.
A Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas começa a ouvir hoje os 17 agentes de plantão no dia do motim.


(Colaborou TALITA FIGUEIREDO)

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