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Governo do Rio diz ter livrado autoridades de atentado
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
A coordenadora de Segurança
do Rio, Jacqueline Muniz, disse
ontem que em abril -primeiro
mês de governo de Benedita da
Silva (PT)- a polícia descobriu
um plano de lideranças do tráfico
de drogas para matar três autoridades estaduais.
Muniz afirmou que seria uma
das vítimas, mas não revelou os
nomes das outras. O atentado estaria programado para o dia 1º de
maio, em um ato público no Aterro do Flamengo (zona sul) em comemoração ao Dia do Trabalho.
Segundo Muniz, o atentado foi
detectado pelo serviço de inteligência do governo com três semanas de antecedência. Ela não informou que facção planejara o
ataque nem como o plano foi descoberto e inviabilizado.
A coordenadora disse que compareceu ao ato público. "Estava
absolutamente segura com o trabalho da inteligência", disse ela,
que desde então teve a segurança
reforçada.
O episódio vinha sendo mantido em sigilo. Muniz revelou o plano ao ser questionada sobre
ameaças que teriam sido feitas pelo tráfico à irmã do chefe de Polícia Civil, Zaqueu Teixeira. Ela teria sido obrigada a deixar sua casa, perto de uma favela na Ilha do
Governador (zona norte).
"Esse tipo de ameaça, se de fato
ocorreu, é bastante previsível.
Qual é a pretensão do crime? Tentar desmoralizar as autoridades
de segurança pública, desqualificar as ações de governo e fazer
com que a população se sinta
ameaçada", afirmou Muniz.
A Polícia Civil informou que
Teixeira não comentaria o episódio envolvendo a irmã.
Para a coordenadora, os traficantes estão reagindo à ação do
governo. Sufocado, sem dinheiro
e sem chefes nas ruas, o tráfico teve de mudar o modo de agir, disse
ela. Para Muniz, os traficantes têm
apelado para ações simbólicas
-como o ataque a prédios públicos- com o objetivo de intimidar governo e sociedade.
Ela afirmou que as ações também são influenciadas pelos métodos da facção criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da
Capital). "O tráfico não reconhece
fronteiras."
Sobre a entrada das armas no
presídio de segurança máxima
Bangu 3, Muniz disse que o governo reconhece falhas. "São 16 unidades em uma estrutura obsoleta
que abriga 80% da massa carcerária do Rio e que permite a entrada
de centenas de visitantes por dia."
A polícia suspeita que há mais
armas, inclusive fuzis, em Bangu
3. Anteontem, os presos, que fizeram uma rebelião depois de uma
tentativa de fuga frustrada, entregaram à polícia três fuzis, cinco
pistolas, três granadas, 5 kg de explosivos e munição.
Segundo a polícia, agentes e policiais que participaram da repressão à tentativa de fuga e das negociações contaram que as marcas
de tiros nas paredes do presídio
(disparados de dentro para fora) e
a intensidade do tiroteio indicam
que os presos teriam mais armas.
O diretor do Desipe (Departamento de Sistema Penitenciário),
major Hugo Freire, confirmou ter
informações de que ainda haveria
armas no presídio. "Fizemos vistorias ontem [anteontem] e hoje
[ontem] e nada foi encontrado.
Mas, enquanto houver a suspeita
de que há armas e outros túneis,
vamos continuar vistoriando."
O secretário estadual de Justiça,
Paulo Saboya, suspeita que haja
celulares em Bangu 3. Segundo
ele, as armas entraram no presídio há meses.
A Delegacia de Repressão a
Ações Criminosas Organizadas
começa a ouvir hoje os 17 agentes
de plantão no dia do motim.
(Colaborou TALITA FIGUEIREDO)
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