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EDUCAÇÃO
Bienal quer trazer arte para estudante
ALESSANDRA BLANCO
da Reportagem Local
"Como é que fica a sombra?" A
dúvida de Lucas, 8, ao ser apresentado ao quadro "L"Empire des
Lumières", de René Magritte, na
24ª Bienal Internacional de São
Paulo, é exatamente o que os coordenadores do Núcleo de Educação
da Bienal querem provocar.
O quadro mostra um céu azul de
meio-dia com uma casa à noite. A
monitora do Núcleo de Educação,
criado pela primeira vez na Bienal
neste ano, explicou que Magritte
pintava aquilo que "só existe nos
sonhos, como um céu durante o
dia com a casa à noite", mas não
conseguiu responder à pergunta
de Lucas, aluno da segunda série
do colégio Maria Montessori.
Essa é a idéia do projeto Núcleo
Educação: levar a arte contemporânea ao mundo dos estudantes,
fazendo-os pensar sobre as obras
da Bienal e apresentar novas leituras, aproximando-os do artista.
"A arte contemporânea é muito
distante das pessoas e vista apenas
como esquisitice. Nosso trabalho é
uma mediação entre público e arte, e, com as crianças, é mais fácil,
porque não há preconceito", disse Milene Chiovatto, 35, coordenadora de monitores.
O Núcleo Educação tem 145 monitores treinados para acompanhar grupos de visita à Bienal. A
idéia é atender até 100 mil crianças
e adolescentes. Mas o trabalho começa antes da visita.
Desde agosto, outro projeto do
Núcleo Educação vem capacitando 2.000 profissionais das redes
estadual e municipal de ensino,
com um curso que envolve palestras com educadores e artistas e
uma visita prévia à Bienal para
preparar a visita do estudante.
Durante a visita, o trabalho do
professor é auxiliar ao do monitor.
Os dois discutem o roteiro e em
quais obras deverão exercitar a
"construção poética": levar o
aluno a falar sobre o que vê.
Na verdade, devido à limitação
de tempo (1h30), esse trabalho
ainda é bastante precário. Os estudantes ficam de cinco a dez minutos parados em cada obra, suficientes apenas para notar que Tarsila do Amaral faz "tudo em tamanhos diferentes", como observou Renata, 7, ou que "não é só
com tinta e pincel que se faz arte",
como disse Luciana, 8.
Segundo Iveta Maria Borges Ávila, 49, coordenadora do projeto de
capacitação de professores, a visita
é apenas 50% do trabalho. "Os
outros 50% ocorrem na sala de aula, com estudos sobre artistas e
obras e discussões sobre o que foi
visto", disse.
Denise Grinspum, 39, coordenadora educativa do museu Lasar Segall, que faz esse tipo de trabalho
com estudantes constantemente,
também diz que uma visita de menos de duas horas a qualquer museu é muito pouco, mas já serve
como incentivo para depois voltar
com os pais.
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