São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

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Casal de idosos é assassinado a facadas no Sumaré

Filho, que sofreu um corte na nuca, chegou a ser citado como suspeito pela polícia, que depois recuou e o considerou vítima

O crime aconteceu entre 6h e 6h30 de ontem; a mãe da idosa assassinada relatou aos policiais que foi trancada no banheiro

KLEBER TOMAZ
RICARDO GALLO
MARIANA TAMARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um casal de aposentados foi assassinado a facadas ontem, dentro da casa onde morava, no Sumaré, bairro de classe média da zona oeste de São Paulo. Um filho do casal, de 42 anos, foi ferido na nuca, também com golpe de faca. Ele está internado, mas não corre risco de morte.
A polícia não tem conclusões sobre autoria e causa do crime. De manhã, o filho que foi ferido, o escrevente técnico judiciário Rogério Gonçalves Tavares, foi apontado pela Polícia Civil como o principal suspeito.
À tarde, no entanto, após ouvi-lo no Hospital São Camilo, os policiais disseram que Rogério não é suspeito. O casal deixa outro filho, que não mora na mesma casa.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que investiga o caso, abriu inquérito para apurar crimes de duplo homicídio contra o casal e de tentativa de homicídio contra o filho.
Rogério e a avó materna, Isaura da Purificação Gonçalves, 93, que também estava na casa, relataram à polícia que o imóvel foi invadido por um homem mascarado. Rogério disse se tratar de um assalto.
De manhã, a polícia apontou alguns fatos que considerou estranhos à hipótese de assalto. Exemplos: nenhum objeto foi levado pelo criminoso e ninguém notou movimentação estranha diante da casa.
À noite, porém, policiais diziam que uma pegada no muro, encontrada pela perícia, e manchas de sangue vistas numa casa vizinha podem corroborar a hipótese de assalto e de que uma quinta pessoa esteve na cena do crime.

O crime
Os assassinatos ocorreram entre 6h e 6h30, na rua Cayowaá. Ao chegar ao local, às 6h40, a PM encontrou o aposentado Sebastião Esteves Tavares, 71, morto no corredor externo da casa. A mulher dele, Hilda Gonçalves Tavares, 67, estava de bruços na cozinha.
A PM foi chamada por vizinhos, que ouviram gritos de socorro na casa. Segundo Beatriz, que não deu o sobrenome, Sebastião gritou "socorro" três vezes. Ela diz que, depois, Rogério berrou "meu pai!".
Foi o filho Rogério o primeiro a atender os policiais. Ferido e de cueca, o escrevente, segundo a PM, resistiu a abrir a casa -os policiais precisaram convencê-lo. Dentro do imóvel também estava a mãe de Hilda, Isaura, que não se feriu. Rogério e a avó moram na casa.
Isaura relatou aos policiais que viu o neto amarrado com fita adesiva no chão enquanto era levada para o banheiro, onde foi trancada. Questionada pela Folha no 23º Distrito Policial (Perdizes), Isaura, que tinhas manchas de sangue na roupa, disse não ter visto nada.
Até ontem a tarde, Isaura não tinha sido informada da morte da filha e do genro.

Arma do crime
O delegado Rodolpho Chiarelli Jr, do DHPP, disse que a polícia encontrou uma faca no quarto do casal assassinado. O objeto estava limpo, mas havia rastro de sangue desse quarto até a cozinha, cômodo onde Hilda foi achada. O corpo de Hilda apresentava ferimentos que indicam que ela tentou se defender (cortes nas mãos). A polícia ainda procura a arma do crime.
O piloto Valter Tavares, irmão de Rogério, disse ontem em depoimento informal à polícia que nunca houve problemas de relacionamento em sua família.
O escrevente foi submetido ontem a cirurgia para suturar o corte na nuca. Ele está na UTI, mas não corre risco de morte.


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