São Paulo, Sábado, 18 de Dezembro de 1999


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VIOLÊNCIA
Aniversário de PM termina em discussão com carcereiro; outras duas pessoas foram baleadas
Dois policiais morrem em duelo em SP

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Por causa de um copo de cerveja, um policial militar e um carcereiro da Polícia Civil travaram um duelo, a tiros, que resultou na morte dos dois e em mais dois feridos. O caso aconteceu na noite de anteontem, em Americanópolis (zona sul de São Paulo).
Os dois policiais não se conheciam. O soldado da PM Cláudio Doretto festejava com a mulher e amigos, em uma padaria na esquina das avenidas Cupecê e Rodrigues Montemor, os 35 anos que completava naquela noite. O PM era lotado no 16º Batalhão.
A padaria fica sobre a pizzaria La Spezzia, onde o carcereiro Herlon Santos da Paz, 26, que trabalhava no 26º DP (Sacomã) havia seis meses, era entregador antes de passar no concurso para a polícia, há um ano.
Lucineide de Amorim Silva, 25, mulher de Paz, disse que estava na casa da mãe, no Jardim São Carlos, onde o marido foi apanhá-la. Ele resolveu então passar na pizzaria para ver a amiga Giselda Lourdes dos Santos, 32, sua ex-patroa. A pizzaria fica no caminho entre a casa da sogra e a do carcereiro, no Jardim Guarani.
Enquanto Paz conversava na pizzaria, o conteúdo de um copo de cerveja caiu na rua, perto de onde estava o carcereiro.
Segundo Lucineide e o ajudante da pizzaria, Rogério das Chagas Araújo, 19, Paz tentou conversar amigavelmente com os convidados do PM, mas logo em seguida uma discussão começou.
"Depois da discussão, o PM desceu atirando, dizendo que era policial, e fui ferido", contou Chagas, baleado no pé direito e na mão esquerda.
Erlon identificou-se como carcereiro. "Ele disse que também era policial, mas o PM já estava com a arma na mão e eles começaram a atirar", disse Lucineide.
Segundo o setor de relações públicas do 16º Batalhão, Doretto era um policial sem fatos desabonadores em seu currículo.
O boletim de ocorrência registrado no 97º DP (Americanópolis) informa que cada policial foi atingido por três disparos. Na troca de tiros foi atingido no braço direito o comerciante Marcelo Pereira Borges, 29, amigo do PM.
Nenhum dos dois policiais usava a arma de serviço. Paz estava com um revólver calibre 38 próprio. Doretto usava uma pistola calibre 380. Policiais militares recebem do Estado apenas revólveres calibre 38.
Doretto tinha filhos de seu primeiro casamento. O PM foi enterrado ontem, às 16h30, no Cemitério dos Jesuítas, em Embu das Artes (Grande São Paulo). Paz será enterrado hoje (leia abaixo).
O caso será investigado pelo 97º DP. A polícia apura se outras pessoas que estavam na pizzaria ou na festa do PM atiraram.


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