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VIOLÊNCIA
Por exigência dos presos, comissão de familiares acompanhou conversas entre rebelados e a direção do presídio
Início de negociação demorou dez horas
DA FOLHA VALE
Apesar de a rebelião na Casa de
Custódia de Taubaté ter começado por volta das 8h, os responsáveis por negociar as exigências feitas pelos presos só chegaram ao
local às 16h20 e as negociações só
foram iniciadas às 18h10, cerca de
dez horas após o início do motim.
Segundo informações do diretor-adjunto do presídio, Edson
Alves dos Santos, o diretor da Casa de Custódia, Ismael Pedrosa,
estava viajando quando teve início a rebelião.
Pedrosa só chegou ao presídio
às 16h20, acompanhado da juíza-corregedora de Taubaté, Sueli Armani Zeraik, e do comandante da
Polícia Militar no Vale do Paraíba
e litoral norte, coronel Sebastião
Souza Pinto. O diretor e a juíza
entraram na Casa de Custódia para negociar com os presos.
Até a chegada da Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo -com 60 homens em dois caminhões, duas minivans e duas
picapes- e de policiais do Gate
(Grupo de Ações Táticas Especiais), havia apenas 12 carros da
PM, todos de Taubaté, cercando o
presídio.
As negociações começaram por
volta das 18h10, mas às 18h48 os
presos exigiram a presença de
uma comissão formada por cinco
familiares dos presos para continuar a negociação. A exigência foi
atendida pela direção da Casa de
Custódia.
A maior preocupação dos rebelados e dos familiares durante a
negociação era que a polícia entrasse no presídio para sufocar o
movimento.
A impressão era reforçada, por
volta das 19h, pela ação da polícia,
que afastou a imprensa, principalmente fotógrafos e cinegrafistas, da área próxima da entrada
do presídio.
Além disso, dois atiradores de
elite da PM haviam se posicionado em locais estratégicos, o que
reforçou a desconfiança dos familiares dos presos.
O diretor da Casa de Custódia,
Ismael Pedrosa, foi recebido pelos
familiares aos gritos de "assassino" ao chegar ao local.
Os rebelados, segundo informações da polícia, teriam montado
uma barricada com botijões de
gás e maçaricos, enquanto aguardavam o desfecho da negociação.
A última rebelião na Casa de
Custódia de Taubaté ocorreu no
dia 28 de outubro de 97, quando
cem pessoas, a maioria familiares,
foram feitas reféns durante um
motim, que acabou controlado
em cerca de 15 minutos pela Tropa de Choque da PM.
Segundo a PM, entre os cinco
mortos na rebelião também estaria um detento, identificado apenas como Antonio Carlos, que seria um dos comandantes do PCC
(Primeiro Comando da Capital)
no Vale do Paraíba.
O PCC é uma organização criminosa que tem ramificações em
vários presídios do Estado. Os outros dois mortos seriam os detentos conhecidos como Marx Luiz
Gusmão de Oliveira, assaltante de
bancos conhecido como Dentinho Branco e outro identificado
apenas como Cigano.
A rebelião na Casa de Custódia
de Taubaté foi a segunda com
mortes a ocorrer na cidade em
menos de um mês.
No dia 25 de novembro, três
presos foram mortos, sete ficaram
feridos, oito fugiram e quatro policiais ficaram reféns por mais de
33 horas em rebelião que destruiu
as 18 celas da Cadeia Pública, que
tem capacidade para 80 presos,
mas abrigava 310 no momento do
início da rebelião.
Após a rebelião na Cadeia Pública, comerciantes de Taubaté fecharam as portas por 20 minutos
para protestar contra a iniciativa
do governador Mário Covas
(PSDB) de construir na cidade
um Centro de Detenção Provisória para 680 presos.
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