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Documentos indicam plano de expansão
DA REPORTAGEM LOCAL
A pesquisadora brasileira Stella
Aguinaga Bialous encontrou nos
arquivos da indústria do cigarro
documentos que mostram que o
programa para a América Latina
não só estava em atividade havia
pouco tempo como uma das
companhias desejava expandir
seus projetos no Brasil.
Em um dos papéis, o executivo
Bruce Davies, da área de assuntos
científicos da Philip Morris, traçou as metas para 1999 na região:
"Desenvolver e completar a execução de acordos com os cientistas já identificados". Cita o argentino Carlos Alvarez, o trio de pesquisadores brasileiros (Francisco
Aquino Neto, Jari Cardoso e Antonio Miguel), além de Luiz Britto, neurofisiologista da USP.
Também fazia parte dos planos
de Davies identificar outros profissionais na região "com apropriadas habilidades profissionais". "Desenvolver e executar
entendimentos que irão permitir
que nos beneficiemos do conhecimento dos consultores", destacou
Davies entre as atividades que estavam em andamento.
Em outro texto, o foco é um
projeto de Antonio Miguel para
analisar a contribuição de fontes
poluidoras para a qualidade do ar
-um estudo que poderia subsidiar a estratégia da indústria contra o banimento do fumo em ambientes fechados. Davies propunha subsídio à pesquisa.
Britto, que nega ter aceitado
qualquer proposta, disse ter sido
procurado em 97. Afirma que Davies "reapareceu há uns dois
anos". "Ele fez um convite formal.
Se eu aceitaria um cargo. Depois
mandou material sobre projeto
de financiamento. Foi um pouco
suspeito. É sempre assim quando
envolve a indústria", diz o pesquisador, que diz ter sido "cortejado"
também pelo setor farmacêutico.
A proposta de patrocínio que
Britto recebeu é proveniente do
PMERP (Philip Morris External
Research Program), um programa de financiamento externo de
pesquisas da empresa.
Estudo de que Stella Bialous
participou, publicado em 2001 na
revista "Tobacco Control", aponta que a estrutura do PMERP é
quase idêntica à do Ciar (sigla em
inglês para Centro para Pesquisa
sobre Ar em Ambientes Interiores), o órgão extinto em 1998 sob
acusação de fraude que canalizava recursos da indústria para
cientistas. Pelo estudo, a maioria
dos cientistas já afiliados têm ligação anterior com a indústria.
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