São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2001

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Tensão quase causa linchamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Parentes de presos rebelados no complexo do Carandiru tentaram linchar uma mulher não identificada de cerca de 50 anos que, aos gritos, afirmava que os rebelados são assassinos e deveriam morrer. A polícia teve de intervir e jogou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os parentes.
Na frente do complexo, a situação era cada vez mais tensa. Durante a rebelião, outros parentes de presos hostilizavam policiais militares. Os PMs ameaçavam com cassetetes e respondiam aos xingamentos.
"A polícia está querendo repetir o massacre do Carandiru", disse Marilda Medeiros, 30, auxiliar de limpeza. Ela tem um irmão preso no complexo e sua cunhada foi tomada como refém no local.
Na penitenciária do Estado, Sueli Cardoso, 31, se perdeu dos dos filhos de 9 e 13 anos em meio à confusão. Ela foi visitar pela primeira vez um irmão preso. Na hora da revista para entrar na unidade, começou o tiroteio e correria.
As reféns começaram a sair da penitenciária com escoriações e sem sapatos. Duas delas -que se identificaram como Arlete e Fernanda- relataram ter visto um homem com a cabeça cortada.
Segundo as reféns libertadas, os policiais que entraram na penitenciária ofenderam-nas com palavras de baixo calão e disseram que "mulher de ladrão merece levar tiro na cabeça".
Luciana Araújo visitava o marido com quatro crianças. Quando começou o tiroteio, ela correu com as crianças. "Atiraram em cima da gente e era para matar."



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