São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

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ADMINISTRAÇÃO
Câmara decide se abre inquérito; resultado depende de governistas "rebeldes'
Vereadores de SP votam CPI do Lixo

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
da Reportagem Local

A Câmara Municipal deve votar hoje, em sessão extraordinária, o pedido de abertura da CPI do Lixo, para investigar a varrição de ruas e a coleta de lixo na cidade. Reportagens da Folha e da "Folha da Tarde" mostraram em janeiro que a prefeitura paga às empresas por serviços não realizados.
São necessários 28 votos para aprovar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). A oposição espera obter o apoio de vereadores da bancada governista que estejam insatisfeitos com Celso Pitta.
Já os governistas que se mantêm fiéis ao prefeito têm duas opções: ou garantem 28 votos e espantam definitivamente o fantasma da CPI ou não comparecem à sessão de hoje e empurram a decisão para depois do Carnaval.
Assessores da presidência da Câmara passaram a tarde de ontem estudando todas as possibilidades jurídicas para evitar a votação.
Uma hipótese considerada é que, se não houvesse quórum para a realização da sessão extra, o pedido de CPI seria invalidado.
Advogados da oposição contestam o argumento e dizem que o pedido de CPI vale até que se obtenham 28 votos favoráveis ou contrários à abertura do inquérito.
Pitta almoçou ontem com o presidente da Câmara, Nelo Rodolfo, para tratar da possibilidade da CPI. O secretário de Governo, Edevaldo Alves da Silva, recebeu uma série de vereadores governistas para conferir o empenho de cada um na defesa do prefeito.
A medida surtiu efeito. Vereadores do PMDB e do PTB se dizem indecisos para a votação de hoje.
"O PMDB vai estar unido, mas ainda não sabemos de qual lado", afirma o vereador Jooji Hato. "Não vamos ficar contra a prefeitura para perder, precisamos entrar na sessão conscientes de que estaremos do lado vencedor."
Os petebistas José Amorim e Natalício Bezerra também não declinam o voto, apesar de se dizerem "simpáticos à idéia" da CPI.
Outro que ainda discute o voto é Alberto Hiar, o "Turco Loco" (PSDB). "Não quero ser usado por nenhum dos lados", afirma.
A bancada governista está rachada desde a semana passada, quando os vereadores Faria Lima (PPB) e Toninho Paiva (PFL) passaram a criticar publicamente a administração municipal e fizeram denúncias de irregularidades.
Após as críticas, houve retaliação do prefeito. Os vereadores "rebeldes" perderam o direito de indicar administradores regionais e coordenadores do PAS.
"Gostaria de ver a mesma eficiência e rapidez que houve na retaliação para resolver os problemas da cidade", disse Faria Lima.



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