São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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Doméstica tem ganho reduzido

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Trabalhando como empregada doméstica, Joana Moreira do Nascimento, 44, criou os seus dois filhos. Ao ficar desempregada, há dois anos, a sua vida também mudou completamente.
"Chorei muito no dia em que fui demitida. A minha patroa, que morava em um apartamento de quatro quartos, disse que não tinha mais condições de pagar o salário mínimo para uma empregada doméstica."
Desempregada e sem escolaridade, Joana foi trabalhar como diarista em Salvador. Atualmente, recebe cerca de R$ 100 por mês. "Não tenho férias e outros direitos trabalhistas, mas preciso sobreviver", disse.
Sem dinheiro, Joana fechou a caderneta de poupança que mantinha havia oito anos para o seu neto mais novo -no total, ela tem 12 netos.
"Todos os meses eu depositava R$ 20 na conta. Desempregada, fui obrigada a retirar o dinheiro para ajudar nas despesas."

Trabalho semanal
Sócia com a irmã em um pequeno estabelecimento comercial em Salvador (BA), Crispiniana Tavares dos Santos foi obrigada a mudar radicalmente o seu comportamento para se adaptar à queda no padrão de vida.
A primeira atitude tomada foi matricular o filho Agnaldo, 16, em uma escola pública. Até 1999, Crispiniana pagava R$ 126 de mensalidade para o filho estudar na Escola de Engenharia Eletromecânica da Bahia, uma das mais tradicionais da capital baiana.
Além de retirar o filho da escola particular, Crispiniana também o convenceu a trabalhar "pelo menos uma vez na semana".
Agnaldo seguiu à risca os conselhos da mãe. "Uma vez por semana eu trabalho de garçom em um bar que funciona aqui perto de casa. Ganho R$ 30 e, com o dinheiro, compro minhas roupas em prestações", conta.


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