São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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RIO

Motivo foi a morte de um criminoso, segundo a polícia, numa disputa pelos pontos-de-venda de drogas em Jacarepaguá

Traficantes fecham comércio e ruas

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Traficantes do morro São José Operário, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), obrigaram os comerciantes das ruas Barão e Baronesa, na praça Seca, a fechar suas lojas e impediram a circulação de carros e ônibus pelo local.
O fechamento do comércio e a interdição do trânsito, ontem de manhã, representaram um protesto da quadrilha de traficantes de drogas da favela contra a morte de Antônio Carlos de Oliveira, 24, o Neném.
Por ordem dos traficantes, até prédios públicos tiveram que fechar. Não funcionaram de manhã cinco escolas e o posto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) no local.
O corpo de Neném, apontado pela Polícia Militar como traficante, foi encontrado pela manhã na rua Doutor Bernardino, perto do morro. Ele estava com as mãos amarradas. Foi morto a tiros.
De acordo com a Polícia Civil, Neném foi morto durante tiroteio com traficantes do morro do Fubá (zona oeste), cujos pontos-de-venda de cocaína e maconha são controlados por uma quadrilha ligada à facção criminosa Terceiro Comando.
Há uma semana, segundo a polícia, traficantes do Fubá tentam ocupar a favela São José Operário, onde atua uma quadrilha controlada pelo CV (Comando Vermelho), outra facção criminosa, inimiga dessa organização.
No início da tarde, policiais do 18º (BPM) Batalhão da Polícia Militar, ocuparam o local e restabeleceram o trânsito. Os comerciantes também abriram as lojas.

Quebra-quebra
A PM não conseguiu prender ninguém, mas, na operação, informou ter apreendido dois revólveres, uma pistola e 300 gramas de maconha.
Essa é a segunda vez, em menos de uma semana, que uma rua da zona oeste é fechada por causa de mortes provocadas pela disputa entre quadrilhas de traficantes.
Na segunda-feira, moradores da favela do Sapo, em Senador Camará, apedrejaram dois ônibus e incendiaram outro na avenida Santa Cruz, em protesto contra a morte de T.B.C., 17.
O adolescente foi morto durante tiroteio com policiais do 14º BPM. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio, ele era integrante da quadrilha de traficantes da favela.
Durante o quebra-quebra, foram detidas três meninas com menos de 18 anos de idade, acusadas de participar da depredação. No local, foi preso Ricardo de Oliveira Silva, 22, que a Polícia Civil informou ser foragido da Justiça.
A favela do Sapo continua ocupada pela PM. Pessoas que moram próximas ao local disseram que, há mais de um mês, convivem com tiroteios entre traficantes do Sapo e da vizinha favela do Rebu.


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