|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Solução pode ser
tratar "cedo e forte'
da Reportagem Local
A existência de uma nova geração do HIV -que já chega à corrente sanguínea das novas vítimas
com capacidade de resistir a algumas drogas- reafirma a tese
"trate cedo e com força total".
A tese -defendida principalmente por pesquisadores norte-americanos- afirma que o uso isolado de uma ou duas drogas ajuda
o vírus a se tornar mais forte. "Se
houver essa resistência primária
ao AZT nesses 15%, a saída é bater
com força desde o início", afirma
Vicente Amato Neto.
Em pacientes que contraem um
vírus já resistente, o uso do AZT é
muito prejudicial. Por dois motivos: 1º) porque, em vez de estar
sendo combatido, o vírus está livre
para continuar se replicando; 2º)
os efeitos colaterais do AZT são
imensos, principalmente para
uma pessoa que já está fragilizada
porque é portadora de um vírus
como o HIV.
No Brasil, o AZT é um dos medicamentos usados no coquetel anti-Aids. Desde o início do ano passado, o governo brasileiro é obrigado por lei a fornecer todos os
antiretrovirais.
O chamado coquetel é uma mistura de dois inibidores da transcriptase reversa (AZT é um deles)
e um inibidor da protease (que
agem nas fases final e inicial da
multiplicação do vírus).
A escolha dos medicamentos é
feita por uma comissão científica
que dá consultoria ao ministério e
se baseia em todos os trabalhos
científicos publicados.
"Ainda não temos nenhuma
evidência de que deveríamos trocar o AZT, mas poderemos fazer
isso se ficar provado que já há um
grupo grande que possui um vírus
resistente a essa droga", afirma
Amato Neto.
Estudo
Um levantamento pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo mostrou que o coquetel de drogas contra o vírus HIV falhou em
30% dos pacientes atendidos pela
rede pública.
O estudo, realizado entre novembro de 1996 (início do uso do
coquetel de drogas) a agosto de
1997, acompanhou cem pacientes
que tomaram a combinação de remédios. Trinta deles tiveram que
trocar o tratamento.
A secretaria não estudou os motivos da troca do tratamento. A
maior causa seria a falta de aderência ao tratamento -devido às
inúmeras reações negativas causadas pelas drogas, como náuseas,
diarréias etc.
A resistência às drogas, no entanto, não foi descartada como
uma das possíveis causas. Não há,
no entanto, como medi-la em São
Paulo porque o Brasil não faz estudos genéticos do vírus.
O resultado desse estudo não pode ser visto com pessimismo porque, no início do tratamento,
muitas pessoas que foram tratadas
já estavam em um estágio avançado da doença.
O coquetel anti-Aids ainda é
-de longe- a melhor terapia
contra a doença existente desde o
início da epidemia. Ele consegue
reduzir a zero a quantidade de vírus na corrente sanguínea de cerca
de 80% das pessoas tratadas.
(LM)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|