|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPINIÃO
Solução para a seca do Nordeste
PAULO PLANET BUARQUE
Embora possa, a princípio, parecer ato de loucura ou solução absurda, resolver definitivamente o
problema da seca -e não apenas
o fenômeno, mas igualmente o desenvolvimento do Nordeste- impõe iniciativa compatível com esse
imenso flagelo.
Se em tempos que já se inscrevem como parte da história do
mundo houve quem sonhasse
com soluções que chocaram os de
então, agora, por certo, essa idéia
causará o mesmo espanto.
Trata-se, contudo, de obra perfeitamente factível, de fácil execução em face da altíssima tecnologia do mundo contemporâneo.
Melhor: sem custo para os já comprometidos cofres públicos, significando a redenção daquela parte
do Brasil e solução para muitos
dos seus problemas, além de mitigar o solo e aquelas populações
com água em abundância.
Construir um canal navegável,
de proporções, ligando o Amazonas ao São Francisco.
São mil quilômetros, sem intervenções naturais consideráveis,
que transformariam toda a região,
como sucedeu com o canal de
Suez ou com o canal do Panamá,
para cuja construção se exigiram
imensos recursos em face das dificuldades, inclusive das áreas onde
foram construídos.
Bastaria que se fizesse uma licitação internacional, fazendo interessar empresas de todo o mundo,
oferecendo como contrapartida,
digamos, dez quilômetros das
margens àquelas empreiteiras que
se propusessem a erguer cem quilômetros desse canal. Seriam dez
empresas tão-somente, 20, se o
objetivo fosse conceder 50 quilômetros por obra.
Nenhum custo para o governo
senão, eventualmente, a desapropriação dessas áreas hoje sem nenhum valor devido precisamente à
inexistência de água.
Utopia? Simplesmente um sonho megalópico? Ou realmente
uma arrojada solução, mas perfeitamente compatível com as imediatas necessidades para a emancipação de vasto território nacional,
onde existência de água abundante, irrigação farta e transporte barato acabariam com a migração,
sedimentando aquela brava gente
nas suas plantações - onde, enfim, até mesmo o clima mudaria?
Faça-se a análise técnica, consultem-se engenheiros e se verificará
que esse canal -que chamaríamos da integração nacional-
permitiria, além do mais, a ligação
fluvial entre o Norte, o Nordeste e
o Sul do país, chegando até o rio
da Prata. E no máximo em dois
anos, deixando para o passado definitivo essa chaga social que é a
seca nordestina.
Paulo Planet Buarque, 70, advogado, conselheiro aposentado do Tribunal de Contas de São
Paulo, é membro da Ordem dos Advogados do
Brasil/SP e do Instituto dos Advogados de São
Paulo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|