São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

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UNIVERSIDADES
MEC exige que dirigentes declarem quem está em greve
Reitores se reúnem em Brasília para buscar saída para crise

FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local

Os dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) se reúnem hoje e amanhã, em Brasília, para definir uma posição em relação à exigência do MEC (Ministério da Educação) de que eles entreguem listas com nomes de professores e funcionários que estão participando do movimento grevista, desde 31 de março.
O MEC afirma que, no próximo dia 25 -data prevista para o pagamento-, não vai repassar às universidades os salários do pessoal que está participando da greve.
"Vamos decidir o que fazer diante desse ofício (que determina o envio das listas de grevistas ao MEC) e tentar formular propostas que possam pôr fim à paralisação ainda esta semana", disse ontem o presidente da Andifes (a entidade que reúne os dirigentes das universidades federais), o reitor José Ivonildo do Rego.
Hoje, a reunião é da direção da Andifes e, amanhã, do conjunto dos dirigentes das 52 Ifes -que é, portanto, quando deve sair uma decisão final sobre a questão.
Os reitores têm se colocado desde o início do conflito como mediadores entre professores e MEC. Mas o governo tem resistido a essa mediação, já que identifica os muitos reitores como aliados dos grevistas.
De fato, reitores de pelo menos dez universidades federais -como a do Rio de Janeiro e de Minas Gerais- já declararam que não seguirão a orientação dada pelo MEC. Outros nove, porém, já entregaram informações.

Fato novo
O fato novo no impasse -o MEC não negocia enquanto houver greve e os professores não aceitam suspender a greve para negociar- está surgindo agora pelo lado da Andes (o sindicato dos professores das federais).
Na semana passada, houve eleições para a diretoria da Andes e, embora o resultado oficial ainda não tenha sido divulgado, tudo indica que a atual diretoria -que está liderando a greve- perdeu o pleito para a oposição.
O presidente da chapa 2, de oposição, é o professor doutor de sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Renato de Oliveira, 44, tido como "mais moderado" do que a atual presidente, Maria Cristina de Morais.
Ambos são ligados ao PT, mas Oliveira defende, por exemplo, que a greve atual deve ser encarada como uma questão específica das universidades e não como um movimento contrário a tudo que o governo FHC vem fazendo.
Já a atual direção da Andes vincula a crise nas federais à chamada "política neoliberal de FHC".
O Folha apurou que dentro do MEC há um certo otimismo com a eleição de uma nova direção para a Andes, já que as relações com a atual diretoria estão desgastadas.
O problema é que a nova direção só assume no final de junho. E, mesmo assim, a chapa 2 defende, como a chapa 1, que as negociações ocorram com greve.



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