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Ameaças radicalizam movimento, diz sindicato
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do sindicato dos
metroviários de São Paulo, Flávio
Montesinos Godoi, disse que as
ameaças de demissão no Metrô
em razão do reajuste salarial tornam a categoria mais radical.
"Quando se está em um movimento radicalizado como estamos até agora, essas ameaças não
ajudam, só radicalizam mais. O
quadro de funcionários, hoje, já
não é suficiente", afirmou Godoi,
que, anteontem, defendeu que a
paralisação não entrasse no segundo dia, mas foi derrotado
dentro da diretoria do sindicato e
teve de levar a proposta de continuidade da greve à assembléia.
O presidente do Metrô, Luís
Carlos Frayze David, nega já haver uma definição da empresa sobre demissões. Diz, porém, que,
se os salários aumentarem
18,13%, a companhia precisará
cortar gastos -e os funcionários
são as principais despesas. O
comprometimento da folha de
pagamento com salários, que hoje
é de 68%, subiria para 81% com
esse reajuste, faltando dinheiro
para manutenção, por exemplo.
A greve dos últimos dois dias foi
a primeira no Metrô desde 2001. A
categoria também "comemora"
neste ano 20 anos da primeira
greve realizada no setor.
A atual diretoria do sindicato é
composta por 42 integrantes. Ela
é ligada à CUT (Central Única dos
Trabalhadores) e controlada por
militantes do PC do B, PT e PSTU.
A chapa que controla hoje a entidade é uma união de três movimentos sindicais. A Corrente Sindical Classista, ligada ao PC do B,
tem, além do presidente, mais de
50% dos diretores. A Articulação,
ligada ao PT, domina perto de
35% deles. O restante pertence à
Alternativa, ligada ao PSTU.
Embora esta última seja a mais
radical, a decisão de anteontem de
manter a paralisação foi apoiada
por todas as tendências -apesar
da oposição de Godoi e dos diretores Wagner Fajardo e Onofre de
Jesus. A eleição da nova diretoria
no sindicato será no final de 2004.
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