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São Paulo, sábado, 19 de julho de 2003

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LIXO

Prefeitura vai instalar 5.000 pontos de entrega em modelo mais amigável e aposta no porta a porta para superar a ociosidade

Projeto duplicou a reciclagem oficial

DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com uma produtividade aquém do potencial, as centrais de reciclagem já foram responsáveis pela duplicação do índice de coleta seletiva oficial em São Paulo -que passou de 0,03% para 0,075%, mas não chegou a 1%, meta inicial para este ano.
"O percentual ainda é baixo, mas, quando conseguirmos operar com toda a carga, vamos até superar o que consideramos hoje a capacidade máxima", diz Rubens Xavier Martins, coordenador da Coleta Seletiva Solidária.
"Eu não estou sendo otimista; é preciso dar tempo para que tudo se organize", completa. Segundo Martins, uma certa ociosidade inicial já era esperada. "Mas estamos um pouco abaixo do que gostaria. Acho que, com a instalação das esteiras, poderemos, em dois meses, aumentar o índice médio de processamento de lixo reciclável para 5% ao dia em cada central já instalada", sustenta.
Sobre as razões para a demora na colocação dos equipamentos, Martins diz apenas que "é assim mesmo". "A burocracia faz tudo demorar mais no poder público." O mesmo ele afirma em relação aos folhetos para divulgar a coleta porta a porta da cooperativa Tietê. "Eles próprios fizeram porque têm mais agilidade e precisavam do material "para amanhã"."
Ele diz que outras medidas irão aumentar o material que chega nas centrais. A coleta porta a porta e a substituição dos atuais Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) são as principais apostas.
Martins admite que os primeiros PEVs não foram bem aceitos. A prefeitura recebeu reclamações e em alguns locais retirou os pontos porque eles ficavam sempre vazios. Além da falta de hábito de levar o lixo até um local, a principal dificuldade enfrentada é a necessidade de colocar cada item reciclável separada e individualmente nos PEVs porque a abertura deles é muito estreita.
Segundo Martins, 5.000 novos PEVs, semelhantes a contêineres, onde é possível jogar sacos de material, estão sendo comprados e devem começar a ser instalados em agosto. As empresas que ganharem a concessão do lixo, prevista para 2004, também vão ter de colocar mais 5.000 pontos e fazer um dia extra de coleta seletiva, entregando todo o material às centrais da prefeitura. "Não abandonamos as cooperativas à própria sorte", diz Martins.

Compras "recicláveis"
Antes de separar, limpar e entregar o material reciclável à coleta seletiva, é possível ajudar a reciclagem na hora de escolher que produtos comprar. Quase todas as embalagens têm o símbolo das três setas que formam um círculo ou triângulo, o que indica que são recicláveis, mas não significa que vão efetivamente ser recicladas.
Para completar o ciclo de reaproveitamento, elas têm de ser compradas por empresas que vão reutilizá-las como matéria-prima. E o que ninguém quer comprar acaba indo para o lixo comum.
É o caso das bandejas de isopor que costumam embalar frutas, legumes e carnes pré-escolhidos ou pré-fatiados. É recomendável escolher os próprios vegetais e pedir que a carne seja cortada na hora.
Caixas do tipo longa vida também devem ser evitadas. Quem trabalha na coleta seletiva de São Paulo conta que só uma empresa compra essa embalagem, e apenas mais de 12 t de uma vez -um empecilho à reciclagem.
O primeiro passo, porém, é gerar menos lixo: produtos com menos embalagem devem ser priorizados. (MARIANA VIVEIROS)


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