|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DROGAS
Área não tem polícia técnica
Só 26 das 68
cidades têm
delegados
Rogério Assis / Folha Imagem
|
Plantação de maconha no sertão pernambucano
|
da Sucursal de Brasília
O despreparo do aparelho policial e do Judiciário contribuem para a impunidade na região do polígono da maconha, no sertão do
Estado de Pernambuco.
Segundo o relatório da Subsecretaria de Inteligência,das 68 delegacias em municípios do sertão
pernambucano, 42 não têm delegado. Há mais de 2.000 mandados
de prisão por cumprir e não há polícia técnica, o que dificulta a execução de laudos periciais.
O polígono é formado principalmente pela área de 16 municípios
(veja quadro nesta página). A violência na região, que engloba cerca
de 1,3 milhão de habitantes, é monopolizada por organizações como o Comando Caipira, uma facção do Comando Vermelho carioca. O governo federal considera tímida a reação do governo de Pernambuco ao cultivo da maconha.
O governador pernambucano
Miguel Arraes (PSB), candidato à
reeleição, estaria agravando o problema social na área por não ter
demonstrado vontade de realmente aplicar medidas corretivas,
e não paliativas, na visão do governo federal. O sertão é o principal
reduto eleitoral de Arraes.
Contra o governador estaria o
fato de a segurança pública, a saúde e a educação serem deficientes
na área e de ele não dotar os municípios da região com infra-estrutura suficiente que permita o desenvolvimento econômico longe
do tráfico. Além da falta de incentivo à cultura outros produtos.
"Não concordamos com essa
análise", declara Sérgio Rezende,
secretário de Meio Ambiente,
Ciência e Tecnologia do Estado de
Pernambuco, reagindo às críticas.
"Para nós, a droga é desestruturadora da região. Sabemos que a
maioria da população não se conforma em viver na clandestinidade
e estaria disposta a ter rentabilidade menor, trocando a maconha
por outras culturas, se elas tivessem preços e condições de venda
-que são problemas federais."
Segundo ele, o Estado está incentivando a retomada do plantio
de outras culturas. Quanto a segurança, ele cita o exemplo da compra de mil carros de polícia.
Na página 4/19 do relatório da
subsecretaria, os investigadores
citam o exemplo da "casa visitada
na agrovila nš 22" do projeto Caraíbas, no município de Santa Maria de Boa Vista (PE). "A casa tinha televisão, vídeo, som tipo
"system' e móveis adequados,
apesar de o seu proprietário estar
sobrevivendo no local, juntamente com seus dez filhos, há mais de
dez anos, apenas com a VMT
(Verba de Manutenção Temporária), segundo informou."
A VMT paga apenas R$ 226, mas
"alguns moradores dessa agrovila
possuem um padrão de vida incompatível com suas posses". O
relatório revela o segredo desse
padrão de vida: "Cerca de 40 mil
pés de maconha foram descobertos na beira do canal próximo" às
agrovilas do projeto Caraíba.
(WF)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|