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Polícia destrói
no sertão 1,46
milhão de pés
de maconha
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
As polícias Federal e Militar já
destruíram este ano 1,46 milhão de
pés de maconha no sertão de Pernambuco, o equivalente a 53% do
total erradicado no Estado em 97.
Se não fossem destruídas, seriam produzidas 490 toneladas da
droga. A PM calcula em R$ 49 milhões o prejuízo dos traficantes
com a erradicação das lavouras.
Pernambuco é o maior produtor
de maconha do país. O Estado
produz pelo menos 50% da droga
consumida no Brasil, de acordo
com o delegado de Prevenção e
Repressão a Entorpecentes da PF,
Francisco Martins. O restante, em
sua maioria, vem do Paraguai.
A região produtora no sertão é
conhecida por "polígono da maconha". Os plantios estão situados basicamente às margens do
rio São Francisco e em ilhas localizadas na divisa com a Bahia.
"Os traficantes escolhem esses
locais, próximos aos municípios
de Orocó, Cabrobó, Belém do São
Francisco e Floresta, porque são
áreas pouco exploradas e de difícil
acesso", disse o delegado.
Segundo ele, a intensificação das
operações policiais nos últimos
anos obrigou os lavradores a modificar suas estratégias de ação.
Grandes áreas, com até 50 mil pés
de maconha e dezenas de empregados, deram lugar a pequenos
plantios com três agricultores e
5.000 plantas, em média.
As lavouras, que até 94 eram encontradas inclusive próximas a rodovias, foram transferidas para
áreas mais distantes, como as encostas de serras.
Na última operação realizada
pela PF na região, encerrada quinta-feira passada, foram localizados e destruídos 480 mil pés de
maconha, em fazendas e ilhas situadas em sete municípios.
Com o apoio de um helicóptero
e oito carros, os 30 policiais federais que participaram da ação descobriram 165 lavouras e apreenderam um motor utilizado para irrigar plantações.
O uso de sistemas de irrigação
nos plantios de maconha não é raro, segundo a PM. "Os traficantes
furtam água até de adutoras que
cortam o sertão, utilizando ligações clandestinas", informou o
tenente-coronel Antonio Neto.
Apesar do volume de plantas erradicadas, as estatísticas revelam
que poucos traficantes são presos
em flagrante nas lavouras.
Este ano, apenas quatro pessoas
foram indiciadas pela PF, sob acusação de tráfico. "Os presos, em
geral, são os trabalhadores rurais
que cuidam das plantações."
Para o delegado, a erradicação
dos plantios "é possível" e só depende da continuidade das operações. "Provocar prejuízo tornam
os traficantes vulneráveis. O bolso
é o calcanhar-de-aquiles deles."
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