São Paulo, domingo, 19 de julho de 1998

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Polícia destrói no sertão 1,46 milhão de pés de maconha

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

As polícias Federal e Militar já destruíram este ano 1,46 milhão de pés de maconha no sertão de Pernambuco, o equivalente a 53% do total erradicado no Estado em 97.
Se não fossem destruídas, seriam produzidas 490 toneladas da droga. A PM calcula em R$ 49 milhões o prejuízo dos traficantes com a erradicação das lavouras.
Pernambuco é o maior produtor de maconha do país. O Estado produz pelo menos 50% da droga consumida no Brasil, de acordo com o delegado de Prevenção e Repressão a Entorpecentes da PF, Francisco Martins. O restante, em sua maioria, vem do Paraguai.
A região produtora no sertão é conhecida por "polígono da maconha". Os plantios estão situados basicamente às margens do rio São Francisco e em ilhas localizadas na divisa com a Bahia.
"Os traficantes escolhem esses locais, próximos aos municípios de Orocó, Cabrobó, Belém do São Francisco e Floresta, porque são áreas pouco exploradas e de difícil acesso", disse o delegado.
Segundo ele, a intensificação das operações policiais nos últimos anos obrigou os lavradores a modificar suas estratégias de ação. Grandes áreas, com até 50 mil pés de maconha e dezenas de empregados, deram lugar a pequenos plantios com três agricultores e 5.000 plantas, em média.
As lavouras, que até 94 eram encontradas inclusive próximas a rodovias, foram transferidas para áreas mais distantes, como as encostas de serras.
Na última operação realizada pela PF na região, encerrada quinta-feira passada, foram localizados e destruídos 480 mil pés de maconha, em fazendas e ilhas situadas em sete municípios.
Com o apoio de um helicóptero e oito carros, os 30 policiais federais que participaram da ação descobriram 165 lavouras e apreenderam um motor utilizado para irrigar plantações.
O uso de sistemas de irrigação nos plantios de maconha não é raro, segundo a PM. "Os traficantes furtam água até de adutoras que cortam o sertão, utilizando ligações clandestinas", informou o tenente-coronel Antonio Neto.
Apesar do volume de plantas erradicadas, as estatísticas revelam que poucos traficantes são presos em flagrante nas lavouras.
Este ano, apenas quatro pessoas foram indiciadas pela PF, sob acusação de tráfico. "Os presos, em geral, são os trabalhadores rurais que cuidam das plantações."
Para o delegado, a erradicação dos plantios "é possível" e só depende da continuidade das operações. "Provocar prejuízo tornam os traficantes vulneráveis. O bolso é o calcanhar-de-aquiles deles."



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