São Paulo, domingo, 19 de julho de 1998

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"Combate depende do governo paraguaio'

RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande

O tráfico de drogas entre Brasil e Paraguai deve crescer, devido à instalação da base de um cartel de narcotraficantes da Colômbia na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero (346 km de Campo Grande), separada por apenas uma rua de Ponta Porã (MS).
O superintendente da Polícia Federal (PF) em Mato Grosso do Sul, José Francisco Mallman, revelou que o cartel se instalou na cidade paraguaia possivelmente no ano passado e sua ação intensificou-se a partir de janeiro último.
Mallman afirmou que o combate ao grupo "depende do governo paraguaio" e que o Brasil colabora na "troca de informações". No primeiro trimestre deste ano, a PF apreendeu 245 quilos de cocaína em trânsito no Estado.
No ano de 97, foram apreendidas 7,5 toneladas de cocaína e maconha no Estado, cerca de 20% do total apreendido dessas drogas pela PF no país no ano passado.
Reforçando as afirmações do superintendente, o juiz federal da 3ª Vara Federal, Odilon de Oliveira, denunciou que o cartel de Cali, na Colômbia, está financiando fuga de narcotraficantes de presídios de Mato Grosso do Sul.
Desde janeiro de 97, 80 presos escaparam do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, três dos quais diretamente ligados ao cartel colombiano.
Há um ano, segundo o juiz, a PF conseguiu abortar um plano de fuga de Jorge da Mota Graça, condenado a 25 anos e 7 meses de prisão pelo tráfico de 661 kg de cocaína.
Para Oliveira, Graça é o principal representante do cartel de Cali no Brasil, ao lado de seu irmão Antônio Graça, o "Curica", que cumpre pena em São Paulo.
Uma denúncia anônima garantia que o cartel de Cali estava gastando R$ 3 milhões para tirar Graça do presídio. O dinheiro serviria para tentar corromper 22 PMs e funcionários da Justiça e do Ministério Público.
O plano foi abortado, com a prisão de um empresário brasileiro. Graça fugiu quase um ano depois. Um dia antes de fugir, foi transferido para a cela onde havia o buraco. Dois agentes foram suspensos e outros 60 estão sob investigação.



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