São Paulo, domingo, 19 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Apreensão de anfetamina cresce 955%

da Reportagem Local

As apreensões mundiais de anfetaminas cresceram 955% em seis anos. Em 20 anos, o confisco da droga tem aumentado uma média de 22% a cada 12 meses.
Os dados são do UNDCP (Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas). O programa identificou também que o tráfico das anfetaminas está concentrado basicamente entre Europa, extremo Oriente e América do Norte.
As apreensões mundiais dessas drogas sintéticas (sem contar o ecstasy) aumentaram de 281 quilos em 1976 para 1,4 tonelada em 1990. Em 95, as apreensões saltaram para 5,5 toneladas e em 96 atingiram 14,5 toneladas.
Isso equivale a um crescimento anual médio de 22%, de 1976 a 1996. Essa taxa é superior à da heroína -13%, segundo o UNDCP. Na década de 90, a taxa de crescimento anual médio das apreensões das anfetaminas ilegais aumentou 48%. "Nenhuma outra substância teve uma taxa de crescimento tão alta nesse período", diz o relatório do UNDCP.
Das 14,5 toneladas da droga sintética apreendidas em 1996, 56% foram apreendidas na Europa, 31%, na Ásia (desses, 11% só na China), 10%, na América do Norte e 2%, na Austrália. O 1% restante foi apreendido entre África, Oriente Médio e América Latina.
"Existem aquelas drogas, como heroína, cocaína e maconha, que você pode controlar na fonte, porque é uma planta. O controle das anfetaminas é muito mais difícil. Nesse caso, tem de entrar um trabalho preventivo e educativo", disse o chefe de operações do UNDCP, Giovanni Quaglia.
Para o presidente do Confen (Conselho Federal de Entorpecentes), Luiz Matias Flach, a predominância das anfetaminas no eixo América do Norte-Europa-Ásia "coloca muitos países desenvolvidos na ponta da produção das drogas em difusão."
Drogas & roubos

Pesquisa da organização não governamental argentina Fundação Manantiales revela que 91% dos dependentes de drogas roubam para manter o vício.
O levantamento -feito com 107 usuários que fazem tratamento na fundação, que funciona na Argentina e no Uruguai- se refere a furtos dentro da própria família.
É o caso, por exemplo, de jovens que roubam jóias, dinheiro e objetos da família para trocá-los por droga. A pesquisa mostrou ainda que 83% dos entrevistados disseram ter roubado fora de casa para poder comprar droga.
O Ministério da Saúde da Argentina estima em 1 milhão o número de dependentes de álcool. Calcula-se que o narcotráfico movimente US$ 7 milhões diariamente.
De acordo com a fundação, a Argentina gasta US$ 1,5 milhão por ano com as consequências do alcoolismo e das drogas.
"Há necessidade de os governos investirem em prevenção. Dados do Departamento de Estado dos EUA mostram que só 15% do tráfico de drogas no mundo podem ser combatido com a repressão", disse o coordenador da Fundação Manantiales, Pablo Rossi. (AL)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.