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Uso constante pode afetar cérebro e levar à morte
da Reportagem Local
O uso crônico de anfetaminas,
entre elas o ecstasy (MDMA), pode ocasionar degeneração das células do cérebro e levar o indivíduo à morte.
Segundo o coordenador do
Proad (Programa de Orientação e
Atendimento a Dependentes) da
Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), Dartiu Xavier da Silveira, os efeitos nocivos das anfetaminas são semelhantes aos da
cocaína ou do crack.
"As anfetaminas, como a cocaína e o crack são do grupo das drogas estimulantes. Os efeitos são
parecidos. Há risco de problemas
cardiovasculares, de lesões cerebrais irreversíveis e de demência."
Segundo ele, o consumo crônico
de anfetamina pode ocasionar pequenos infartos cerebrais. "A pessoa perde a atenção, a concentração, a memória e a concepção de
organização espacial."
De acordo com ele, a droga pode
levar à morte súbita quando se
agravam os distúrbios de condução do estímulo cardíaco.
Silveira aponta ainda outro problema gerado pelas anfetaminas.
"Se a pessoa tem predisposição
para quadros psicológicos como
pânico ou psicose maníaco-depressiva, o consumo pode desencadear esses problemas."
Para o coordenador do Proad, o
problema das anfetaminas ilegais
é que "além de provocar os efeitos
nocivos das legais, não possuem
controle de qualidade".
Silveira disse que casos de pessoas usuárias de ecstasy chegam
pouco aos serviços de atendimento de dependentes de droga porque esse tipo de anfetamina tem
um padrão de uso diferente.
"O ecstasy é uma droga que se
caracteriza pelo uso esporádico,
não causando dependência. Ela é
usada socialmente, principalmente em festas noturnas. O usuário
não sente necessidade de procurar
um serviço de atendimento. Isso é
ruim, porque o usuário só vai ser
encaminhado em caso de emergência", afirmou o médico.
Segundo Silveira, o maior problema decorrente do uso do ecstasy é a desidratação.
"A pessoa que toma ecstasy perde muita água e, muitas vezes, não
identifica a sede. Pode entrar em
um quadro de hipertermia (excesso de elevação da temperatura do
corpo) e morrer."
O empresário e DJ Carlos Slinger, que mora em Nova York há
dez anos, confirma que o ecstasy é
hoje uma droga comum no exterior. "As pessoas tomam regularmente, todos os finais de semana."
Para Slinger, é preciso encarar as
drogas com menos preconceito.
"Na Holanda e na Inglaterra existem postos médicos dentro das raves (festas com megaprodução
onde se toca tecno) para testar o
seu ecstasy. A pessoa vai ao posto e
mostra a pílula. Ele (o especialista)
raspa um pouquinho e fala que isso é outra anfetamina ou que está
misturado com heroína. A sociedade está preocupada com o jovem, em vez de condená-lo."
"Eu não estou recomendando
usar ou não. Mas se você for usar,
que use com informação", completou Slinger, para quem o ecstasy é o "Viagra do cérebro".
(AL)
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