São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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URBANISMO

Grupo que assessora promotores constatou irregularidades nas obras de manutenção da ponte e na contratação de empresas

Relatório aponta falhas na Eusébio Matoso

DO "AGORA"

Obras de manutenção falhas, fiscalização frágil para coibir novos acidentes, sensores de altura sem utilidade e falta de um projeto que justifique a previsão de gastos de R$ 6 milhões para a reforma da ponte Eusébio Matoso (zona oeste), na marginal Pinheiros.
Essas são algumas das conclusões de relatório divulgado ontem pela Promotoria da Habitação e Urbanismo do Ministério Público sobre as obras da ponte, que tem duas faixas interditadas desde o dia 25 de julho quando um caminhão ficou preso no local, comprometendo sua estrutura.
O relatório foi feito pelo Instituto de Desenvolvimento Urbano (IDU), que assessora a Promotoria. "A prefeitura não tem nenhum controle do que aconteceu lá e do que está sendo feito. Não tem documentos, não tem nenhuma orientação que diga como fazer e o que deve ser feito", disse Ivan Seixas, presidente do IDU.
Segundo ele, os engenheiros José Carlos Bettoni Masi e Carlos Nilo Segura -que supervisionam as obras- disseram que a empresa GTP, contratada em caráter emergencial (sem licitação), não é especializada em perícia.
O relatório constata ainda que apenas a demolição do trecho comprometido necessita de uma obra de emergência e que não foi "transparente" o processo de contratação das empresas.
Segundo Seixas, não há um projeto que justifique o valor da obra. "Há só a decisão, baseada somente na experiência profissional dos engenheiros", disse Seixas.
O laudo recomenda a instalação de uma viga metálica no lugar da viga que teve de ser implodida e a interdição do tráfego de caminhões no local. Além disso, propõe "que seja garantida a análise de projetos alternativos de reforma e alteração do gabarito da ponte, dentro de um processo de licitação aberto e transparente."
Segundo o promotor de Justiça e Urbanismo Carlos Alberto Amin Filho, a partir de hoje serão ouvidas as empresas envolvidas nas obras. Deu prazo de dez dias para que a prefeitura preste novos dados sobre o caso e afirmou que, se forem confirmadas as irregularidades, poderá entrar na Justiça com uma ação civil pública.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Secretaria de Infra-Estrutura Urbana informou que o secretário Roberto Luiz Bortolotto não havia sido informado sobre o relatório e não deu retorno sobre as afirmações feitas pelo presidente do IDU.
Em agosto, a secretaria foi notificada de que, em caso de novo acidente, a ponte poderia cair.


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