São Paulo, sábado, 19 de setembro de 1998

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Pedida prisão preventiva de distribuidores

da Reportagem Local

O delegado Guerdson Ferreira, do 1º DP de Santo André, que investiga a comercialização do remédio Androcur falso para vários hospitais do país, pediu ontem a prisão preventiva de José Celso de Castro Machado, dono da Ação Distribuidora, e de mais outros cinco distribuidores de medicamentos envolvidos no caso.
Todos já estão presos em Santo André por meio de mandados de prisão temporária de 30 dias. Se o pedido de prisão preventiva for aceito, os acusados responderão ao processo judicial na cadeia.
O consumo de Androcur falso teria acelerado a morte de dez doentes de câncer de próstata.
Durante acareações realizadas ontem, com a presença de Castro, do comerciante de medicamentos Elcio Ferreira da Silva, do dono da distribuidora Canaã, José Bueno Alves, e dos distribuidores Chafic Rassou Neto e José Antonio Oliveira, o dono da Ação manteve a versão de que comprou o Androcur falso de várias fontes.
Alves, Neto e Oliveira, entretanto, mantiveram o que já vinham afirmando para a polícia -Castro comprou todo o Androcur de Elcio Ferreira da Silva e eles apenas teriam assinado notas fiscais a pedido do dono da Ação.
Além das notas forjadas, os distribuidores teriam assinado cartas com os timbres de suas empresas, com justificativas e textos semelhantes, afirmando que venderam Androcur para a Ação e que o produto havia sido comprado da Distribuidora Minister, sem que soubessem que o lote 351 era falso.
A Minister está falida desde 1996, mas Elcio Ferreira da Silva, segundo a polícia, usava notas da distribuidora para fazer seus negócios. Quando foi preso, em janeiro deste ano, Silva tinha notas em branco da empresa.
O próprio Silva, usando papel timbrado da distribuidora Symbolus, registrada na Junta Comercial de São Paulo como uma empresa de importação e exportação de artigos de armarinho, assinou uma carta afirmando ter comprado o produto da Minister.
As cartas estão entre os documentos que fazem parte dos sete volumes que compõem o inquérito que apura a venda do Androcur falso.
O delegado Ferreira, independente da acareação, que segundo ele não trouxe novidades para a investigação, pediu a prisão preventiva de todos os acareados e também de Haroldo de Abreu, da distribuidora Pas, que também teria vendido Androcur para Castro.
Anteontem, a polícia libertou um dos sete acusados: Antonio Linares Lázaro. Segundo Ferreira, não ficou clara a ligação do comerciante, que é investigado em um inquérito na Delegacia de Crimes Contra o Consumidor (Decon), com a distribuição do Androcur falso. (MARCELO OLIVEIRA)


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