São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sindicato acusa falta de mão-de-obra

da Reportagem Local

O presidente do Sindicato dos Metroviários, Onofre Gonçalves de Jesus, apontou a falta de mão-de-obra como uma possível causa do descarrilamento ocorrido ontem na linha norte-sul do metrô. Jesus disse que há 10 anos a companhia empregava 10 mil funcionários e, atualmente, esse número é de 7.400.
"Foi realizado um PDV (Plano de Demissão Voluntária) que provocou o desligamento de 730 funcionários", disse o presidente do sindicato. Antes do programa, segundo Jesus, o Metrô empregava 8.100 servidores.
Jesus acusou a empresa de reaproveitar peças. "Eles tiram de um carro para pôr em outro."
Na avaliação do sindicalista, o desprendimento do disco de freio da composição, considerada uma provável causa do acidente, ocorreu porque "um parafuso deve ter se soltado".
O presidente do sindicato disse que as paralisações nas linhas, que geram atrasos, acontecem porque "o sistema está saturado". Jesus afirmou que essa "saturação" gera, por exemplo, os chamados "trens fantasmas", um erro no computador que faz o operador pensar que há outra composição no mesmo trilho.
O deputado estadual Carlos Zarattini (PT), da Comissão de Transportes da Assembléia Legislativa, acusou a empresa de não repor as vagas de funcionários da manutenção que deixaram o Metrô. "A companhia busca economia de qualquer forma", afirmou.
Para ele, a demissão de funcionários tem como objetivo favorecer um possível contrato com a multinacional Alsthon para a manutenção da companhia.
O engenheiro Rui Quintanilha, coordenador do Grupo de Trabalho de Transportes, do Crea-SP, disse que descarrilamentos no metrô não são comuns, e que nunca ouviu falar em um que tenha sido provocado por um problema com o disco de freio, mas disse que a causa é plausível. Ele descartou falha humana.


Texto Anterior: Transporte: Trem do metrô descarrila pela 1ª vez
Próximo Texto: Diretor nega falha em manutenção
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.