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Dias admite discutir fim de inquéritos
da Agência Folha
O ministro da Justiça, José Carlos Dias, disse ontem que é favorável ao fim do inquérito policial
-proposta que lhe foi sugerida
por José Paulo Bisol, secretário da
Justiça e da Segurança gaúcho.
"É uma idéia interessante", afirmou Dias, em Porto Alegre. Bisol
havia apresentado a sugestão durante reunião do Conselho Nacional de Segurança Pública, na semana passada.
Como é feito atualmente, o inquérito policial "emperra e muitas vezes é instrumento até de
uma indevida coação sobre o indivíduo", declarou o ministro, referindo-se a quem é investigado
pela polícia.
Dias afirmou que a eliminação
do inquérito policial é um assunto
que merece ser discutido no país,
pois "o caminho é apressar a maneira de se fazer justiça".
O ministro, que ontem participou do 19º Encontro Nacional de
Defesa do Consumidor, na capital
gaúcha, disse que a Justiça tem de
ser "mais rápida" para satisfazer a
sociedade.
Conforme Bisol, o inquérito policial é uma peça "inquisitorial",
que só existe em três países, entre
os quais o Brasil. "Será que o
mundo está com o passo errado e
só nós com o passo certo?"
A proposta gaúcha
Bisol, que é desembargador
aposentado, disse que do ponto
vista jurídico o inquérito policial é
"literalmente inútil". Segundo ele,
a jurisprudência (modo pelo qual
os tribunais interpretam e aplicam as leis) considera que a "prova policial não tem validade para
dar suporte a uma condenação".
Pela proposta de Bisol, que se
baseia no modelo europeu, mais
especificamente no alemão, o Ministério Público orientaria a polícia na formação das provas, elaborando um "processo penal",
que substituiria o inquérito e seria
remetido à Justiça.
Na opinião do secretário, esse
modelo estabeleceria "relações
integrativas" entre polícia, MP e
Justiça, rompendo com o atual
sistema em que as três instituições se apresentam como "corporações independentes".
Bisol acrescentou que acabar
com o inquérito colocaria fim,
"instantaneamente", a um tipo
específico de corrupção policial.
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