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Ouvidoria tem mais denúncia de mortes
da Reportagem Local
Pela primeira vez, desde que a
Ouvidoria da Polícia de São Paulo
foi criada, em fevereiro de 96, o
assassinato de pessoas envolvendo policiais militares e civis atingiu o primeiro lugar no ranking
das denúncias.
Nos demais trimestres, segundo
o ouvidor, Benedito Mariano, os
casos de homicídios ocupavam o
13º lugar no ranking.
Esses e outros dados envolvendo a violência policial devem ser
divulgados hoje pela ouvidoria,
que está lançando o relatório trimestral -que compreende as denúncias recebidas entre julho e setembro de 99.
O órgão repassou ontem apenas
as porcentagens das denúncias.
"Infelizmente, esse último trimestre foi o mais violento no Estado de São Paulo desde 96", afirmou Mariano.
No total, o órgão ouviu neste último trimestre 2.489 pessoas e encaminhou 1.185 denúncias para a
Corregedoria da Polícia Civil
(49,78%) e para a Corregedoria da
Polícia Militar (49,35%).
Entre as principais reclamações
registradas no trimestre contra
policiais militares e civis foram:
homicídio, conduta inadequada,
abuso de autoridade, tortura e crimes sexuais.
Sem antecedentes
Um dado que chamou a atenção
da Ouvidoria da Polícia de São
Paulo, segundo Mariano, foi o número de vítimas mortas pela polícia sem antecedentes criminais.
"Neste último trimestre, 57%
das vítimas não tinham antecedente criminal. A polícia alega
que elas morreram durante confronto. O que assusta é que a
maioria (70%) são jovens de 18 a
25 anos", disse o ouvidor.
Segundo ele, nos trimestres anteriores, os jovens dessa faixa etária representavam 50% das vítimas de homicídio.
Mariano alerta ainda para a mudança no perfil da vítima.
O ouvidor disse que houve um
aumento significativo no número
de negros mortos pela polícia,
passando da média de 55% (calcula no primeiro semestre deste
ano) para 62% dos casos.
"Nos dois últimos relatórios feitos pela ouvidoria, a porcentagem
de vítimas negras e brancas era
mais balanceada. Agora, a desproporção é muito grande", disse.
Crimes sexuais
Pela primeira vez a ouvidoria
descreve no relatório trimestral
quatro casos de crimes sexuais cometidos por policiais militares
durante o serviço.
"O que mais impressionou é
que as quatro denúncias chegaram à ouvidoria em um prazo de
trinta dias. Isso nunca havia acontecido", afirmou Mariano.
O relatório mapeia também as
regiões e as cidades mais violentas
do Estado.
Segundo a ouvidoria, entre as
regiões apontadas como as mais
violentas da capital paulista estão
a zona sul (27% das denúncias) e a
zona leste (23%).
Na Grande São Paulo e no restante do Estado lideraram as cidades de Osasco e de Santos.
(LC)
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